Augusto Nunes
O jornalista Lauro Jardim informou que Gilberto Carvalho
anda amuado por não ser consultado pela presidente Dilma Rousseff. Essa é a
notícia boa: pouco importa o que tem a dizer quem só diz besteira. A notícia
ruim é que, segundo o ex-seminarista que virou porteiro de bordel (além de
secretário-geral da Presidência), a chefe agora ouve apenas ─ além das ordens
de Lula ─ a trinca formada por Aloizio Mercadante, Fernando Pimentel e João
Santana.
Ministro da Propaganda, João Santana costuma alternar lances
espertos com ideias de jerico. Na campanha de 2010, por exemplo, o marqueteiro
baiano acertou ao condecorar Dilma Rousseff com a medalha de Mãe do PAC. A
malandragem ajudou a fantasiar de supergerente a dona da lojinha que faliu em
Porto Alegre. Em contrapartida, foi Santana quem convenceu a presidente a dar
as caras na abertura da Copa das Confederações. Teria uma recepção de rainha,
apostou. Foi mais vaiada que um zagueiro que enterrou o time.
Seja qual for o cargo que ocupe, Aloizio Mercadante jamais
perde uma chance de justificar o título de Herói da Rendição, obtido graças a
notáveis demonstrações de falta de bravura em combate. Especialista em
retiradas e capitulações, inventou a revogação do irrevogável quando liderava a
bancada do PT no Senado. Agora no triplo papel de ministro da Educação, da
Economia e de Crises Políticas, foi o primeiro a aconselhar Dilma Rousseff a
entrar na batalha da Constituinte. E foi o primeiro a recomendar que se
rendesse.
Disfarçado de ministro de Indústria, Comércio e
Desenvolvimento, Fernando Pimentel é o Primeiro-Acompanhante e Melhor Amigo da
presidente, com quem convive desde quando tentavam trocar a tiros a ditadura
militar pela ditadura do proletariado. A força do afeto manteve Pimentel no emprego mesmo depois da
descoberta de que ganhou muito dinheiro usando as fantasias de “conferencista”
e “consultor financeiro” . O palestrante enriqueceu sem abrir a boca. O
consultor precisou de meia dúzia de conselhos para levar à falência uma fábrica
de tubaína.
Se estivesse disposta a combater a corrupção, Dilma já teria
remetido Pimentel para a delegacia mais próxima. Se quisesse mesmo reduzir a
gastança federal, já teria mandado para casa Mercadante e João Santana. Caso
desejasse fazer as duas coisas com um único despejo, Gilberto Carvalho estaria
procurando trabalho há muito tempo. A demissão do secretário-geral reduziria a
taxa de mediocridade do Planalto e talvez impedisse o engavetamento das investigações
sobre o escândalo protagonizado pela segunda-dama Rosemary Noronha.
Dilma não fará nada disso, claro. Vai continuar ouvindo o
coro dos áulicos, contando mentiras, desfiando promessas grisalhas e irritando
milhões de brasileiros fartos de tapeação. Até que as multidões percam a
paciência de vez e acordem a presidente surda à mensagem das ruas com uma
passeata debaixo da cama.
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