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quinta-feira, agosto 07, 2014

10 mentiras históricas que Hollywood fez todos nós acreditarmos


James Holloway  (traduzido por Ronaldo Moretti)

Desde a invenção do cinema, os fãs de filmes têm se divertido com a capacidade da sétima arte de trazer de volta à vida tempos remotos de nossa História. Para muitas pessoas, mencionar um período histórico traz cenas de filme à mente, desde os filmes de faroeste de John Wayne até Russell Crowe interpretando um gladiador romano ou Kiera Knightley como uma dama à moda antiga. Infelizmente, a versão de Hollywood da História e dos fatos muitas vezes pode ser um pouco diferente. Aqui estão alguns dos mais comuns mitos históricos espalhados por filmes.

Vikings com capacetes de chifres


Caçadores, mercadores e exploradores que navegaram ao redor das costas da Europa e do Atlântico para a América, os Vikings são grandes heróis e vilões de filmes de aventura. Infelizmente, os capacetes com chifres, retratados em muitos filmes - incluindo clássicos de Hollywood e blockbusters recentes - são uma invenção. O único capacete Viking conhecido por arqueólogos, o capacete Gjermundbu, tem uma coroa redonda simples, enquanto a arte Viking retrata outros capacetes com forma cônica.

Flechas flamejantes


As cidades medievais eram feitas principalmente de materiais combustíveis como madeira e palha. Como resultado, o fogo representava um grande perigo e muitos exércitos medievais usavam flechas flamejantes ou outros projéteis para tentar queimar as cidades inimigas. Os filmes, no entanto, parecem sugerir que flechas flamejantes eram armas comuns nas batalhas, bem como os cercos. Isso pode ser porque as setas iluminadas parecem mais impressionantes na tela. Na realidade, as pontas de ferro afiadas das setas eram mortais o suficiente para que os arqueiros não precisassem desperdiçar seu tempo colocando fogo nelas.

O gatilho do oeste selvagem


O Western prospera em contos de violência. Um observador do Oeste poderia ser perdoado por pensar que os estados de Texas e Arizona do século XIX eram lugares onde eram realizadas frequentemente disputas rápidas com pistolas. No entanto, mesmo as cidades de fronteira mais duronas tinham relativamente poucos tiroteios. Incidentes como o tiroteio no OK Corral, onde três homens foram mortos, são famosos precisamente porque eram raros. Sendo justo com Hollywood, este é um verdadeiro mito do século XIX. Escritores contemporâneos exageraram as contagens de corpos de pistoleiros como Billy the Kid e Doc Holliday para tornar seus livros mais emocionantes.

Napoleão era baixinho


A estatura de Napoleão é lendária: a expressão “Complexo de Napoleão” entrou para a fala cotidiana para descrever um homem pequeno com um grande ego. Nos filmes, Napoleão é geralmente interpretado por um ator de estatura baixa, até mesmo, em alguns casos, um anão. No entanto, não há nenhuma evidência real para sugerir que Napoleão era anormalmente baixo. Fontes contemporâneas colocam sua altura em 1,52 m, tornando-o perfeitamente na média para um homem do início do século XIX.

O Titanic era inafundável


Muitos filmes se basearam na história do Titanic, incluindo um dos filmes mais populares de todos os tempos, a versão de James Cameron, que em 1997 bateu inúmeros recordes. A maioria desses filmes usa a ironia do navio “inafundável” ser afundado em sua viagem inaugural. Há apenas um problema: a White Star Line não afirmou que o navio fosse inafundável. Como acontece com muitos mitos históricos, esse resulta de roteiristas que precisam criar uma narrativa caótica e insatisfatória de um evento histórico.

300 espartanos que lutaram em Termópilas


Filmes como 300 e Os 300 de Esparta contam a história de 300 hoplitas espartanos que, embora predominantemente em desvantagem, lutaram contra o exército persa na batalha das Termópilas. Essa é uma história empolgante e interessante, mas com um pequeno problema: essa cifra está um pouco fora de contexto. Pelo menos 5 mil tropas de uma coalizão de cidades-estado gregas ocuparam inicialmente o passe. Mesmo depois de parte do exército se retirar, o número de defensores era provavelmente mais perto de 3 mil do que de 300. Como aconteceu com o Velho Oeste, isso é um mito contemporâneo: os escritores gregos usaram a história do confronto heróico para elevar a moral e transformar uma vitória persa em uma derrota simbólica.

William Wallace, o lutador da liberdade


O filme de Mel Gibson de 1995, Coração Valente, é um filme de ação emocionante, mas como uma biografia do líder escocês William Wallace deixa bastante a desejar. Pouco se sabe sobre a vida de Wallace, mas a maioria das fontes concorda que ele era um rico fazendeiro, ao invés de um plebeu. Ele certamente não teria usado um kilt, uma invenção que apareceu muito mais tarde. O filme retrata Wallace como um apaixonado defensor da independência escocesa, mas negligencia o fundo complicado de rivalidades escocesas internas que levou à guerra com a Inglaterra. A sugestão de que Wallace era o verdadeiro pai de Edward III é particularmente surpreendente, considerando que Edward III nasceu vários anos após a execução de Wallace.

Os americanos se metem em todos os lugares


Uma das peças mais comuns de intromissão em história de filmes é a inserção frequente de um ponto de vista americano. Isso geralmente acontece porque os estúdios de Hollywood acreditam que o público americano pode não curtir filmes sobre protagonistas que não sejam americanos. O exemplo mais notório é U-571, um filme em que uma equipe americana é mostrada como responsável pela captura de Enigma, uma máquina de código alemão. A ironia desse tipo de representação é que reais contribuições feitas pelos estadunidenses são muitas vezes descartadas como fantasia hollywoodiana.

Heróis acreditam na democracia


Assim como os estúdios podem se preocupar com públicos que não simpatizam com estrangeiros, alguns roteiristas parecem acreditar que os cinéfilos não gostarão de personagens que não compartilhem de seus valores modernos. Como resultado, crenças históricas são muitas vezes ligadas a personagens históricos. Considere o filme O Patriota, de Mel Gibson, em que o herói, um proprietário de terras do sul dos Estados Unidos, não possui escravos, ou o filme Gladiador, em que o imperador romano Marcus Aurelius é retratado como sendo a favor da democracia. Na realidade, muitos líderes na guerra de independência americana possuíam escravos e Marcus Aurelius foi firmemente a favor da autocracia.

Tudo acontece por uma razão


Se os mitos históricos vendidos pela indústria cinematográfica têm uma coisa em comum é que eles são todos parte de um esforço concentrado para forçar a história a caber em um roteiro de filme. Más decisões voltam para assombrar os heróis, escolhas individuais são mais importantes do que as tendências sociais e as batalhas são sempre sobre liberdade versus tirania em vez de, digamos, França e Inglaterra. É fácil ver por que cineastas decidiram contar histórias dessa forma. O perigo só vem quando começamos a pensar sobre a história real dessa maneira.

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