Augusto Nunes
Em 2009, Lula
voltou a jurar de morte o fenômeno que atormenta o Nordeste desde o século 19:
a seca acabaria para sempre. Não em 2010, como prometera em 2008, mas dali a
três anos, assim que fosse concluída a transposição das águas do Rio São
Francisco: “Vai sê inaugurada definitivamente em 2012, a não sê que aconteça um
dilúvio ou qualquer coisa”, garantiu o palanque ambulante.
Em 2012, Dilma
Rousseff confirmou que, como avisara o padrinho, o sertão iria mesmo virar mar.
Mas só em 2014. Dilúvio não houve, nem se soube de qualquer coisa
suficientemente poderosa para ordenar ao São Francisco que permanecesse onde
sempre esteve. O que teria acontecido? A obra foi subestimada pelos
responsáveis, explicou a responsável pela obra.
Meses atrás,
convidada a justificar o prosseguimento dos trabalhos de parto iniciados há
cinco anos sob a supervisão da Mãe do PAC, Dilma irritou-se com Dilma: “Num
acredito que uma obra dessas em qualquer lugar do mundo leve dois anos pra sê
feita”. Só no Brasil Maravilha que o padrinho criou e a afilhada aperfeiçoa.
Tanto assim que, na semana passada, a candidata à reeleição confessou que o
deslumbramento fluvial não se tornará visível tão cedo.
De volta ao São
Francisco para gravar cenas planejadas pelo marqueteiro João Santana, a supergerente
caprichou no dilmês de comício para explicar os motivos de mais um adiamento:
Tente entender o palavrório reproduzido sem retoques nem correções:
“Acho
que uma parte significou a chamada curva de aprendizado, você tem de aprender a
fazer. A segunda parte, eu acho que a complexidade da obra é maior do que se
supunha, principalmente quando você considera que não é pura e simples a
abertura de canal. É também estações de bombeamento”.
Cenas da visita ao
rio que teima em não sair do leito ilustraram a ressurreição da vigarice
franciscana no horário eleitoral da TV. Além de exterminar a seca, o milagre
das águas agora também vai “irrigar esperanças e secar muita lágrima dos
nordestinos”. Basta votar em Dilma e ter paciência para esperar mais um ano e pouco.
Ou mais um mandato. Ou mais um século. Haja cinismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário