Edson Aran
Maurício de Sousa anunciou que vai adaptar para o cinema o
clássico “Diários de velocípede”, escrito por Che Guevara quando ele era apenas
uma criança catarrenta nas ruas de Buenos Aires. A seguir, alguns trechos do
livro de Che, na época conhecido como Cherequinho.
Buenos Aires,
quarta-feira, 1943
“Hoje eu fui pedalar no passeio e aí tinha um buraco e o
velocípede caiu e eu enfiei o nariz no chão e saiu sangue e eu chorei e é tudo
culpa do Imperialismo Americano melequento, feio e fedido que quer deixar a
gente tudo oprimido e eu jurei que um dia ainda vou acabar com esse
imperialismo fedaputa.”
Buenos Aires,
sétima-feira, 1943
“Eu saí pra andar de velocípede e aí minha mãe me chamou pra
tomar banho eu falei que tava lutando pelo povo oprimido e ela me puxou pela
orelha e me jogou na banheira e eu falei que um dia eu ia acabar com essa
opressão fascista mas aí ela me deu um tapão no pé do ouvido e eu fiquei
quieto. Feia.”
Buenos Aires,
primeira-feira, 1943
“Eu queria atravessar a rua com o velocípede mas a mamãe
falou que s’eu atravessar ela me bate então fiquei do meu lado pensando que
ninguém é realmente livre se não abolir o sistema capitalista de uma vez por
todas e aí passou o Felipe e a gente foi jogar figurinha e ele ganhou todas as
minhas e eu falei que ele não podia concentrar todas as riquezas desse jeito e
aí ele me bateu e eu fui chorando contar pra mamãe e ela me bateu de novo. Ô
vida do caraio.”
Buenos Aires, num sei
o dia, 1943
“Hoje choveu e eu não pude sair de velocípede e aí eu falei
que a chuva era o jeito do Imperialismo Americano de deixar a gente oprimida e
a minha mãe falou que eu fechava a matraca ou ia dormir quente e aí eu resolvi
que quando parar de chover eu vou derrubar essa droga de Imperialismo
melequento mas aí a chuva parou e o papai foi comprar picolé pra mim e eu
deixei pra derrubar o Imperialismo amanhã.”
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