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segunda-feira, agosto 04, 2014

Diários de Velocípede: a obra desconhecida de Ernesto Che Guevara


Edson Aran

Maurício de Sousa anunciou que vai adaptar para o cinema o clássico “Diários de velocípede”, escrito por Che Guevara quando ele era apenas uma criança catarrenta nas ruas de Buenos Aires. A seguir, alguns trechos do livro de Che, na época conhecido como Cherequinho.

Buenos Aires, quarta-feira, 1943

“Hoje eu fui pedalar no passeio e aí tinha um buraco e o velocípede caiu e eu enfiei o nariz no chão e saiu sangue e eu chorei e é tudo culpa do Imperialismo Americano melequento, feio e fedido que quer deixar a gente tudo oprimido e eu jurei que um dia ainda vou acabar com esse imperialismo fedaputa.”

Buenos Aires, sétima-feira, 1943

“Eu saí pra andar de velocípede e aí minha mãe me chamou pra tomar banho eu falei que tava lutando pelo povo oprimido e ela me puxou pela orelha e me jogou na banheira e eu falei que um dia eu ia acabar com essa opressão fascista mas aí ela me deu um tapão no pé do ouvido e eu fiquei quieto. Feia.”

Buenos Aires, primeira-feira, 1943

“Eu queria atravessar a rua com o velocípede mas a mamãe falou que s’eu atravessar ela me bate então fiquei do meu lado pensando que ninguém é realmente livre se não abolir o sistema capitalista de uma vez por todas e aí passou o Felipe e a gente foi jogar figurinha e ele ganhou todas as minhas e eu falei que ele não podia concentrar todas as riquezas desse jeito e aí ele me bateu e eu fui chorando contar pra mamãe e ela me bateu de novo. Ô vida do caraio.”

Buenos Aires, num sei o dia, 1943

“Hoje choveu e eu não pude sair de velocípede e aí eu falei que a chuva era o jeito do Imperialismo Americano de deixar a gente oprimida e a minha mãe falou que eu fechava a matraca ou ia dormir quente e aí eu resolvi que quando parar de chover eu vou derrubar essa droga de Imperialismo melequento mas aí a chuva parou e o papai foi comprar picolé pra mim e eu deixei pra derrubar o Imperialismo amanhã.”

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