Ateliê ficava em uma casa de madeira que
imitava moradia de ribeirinhos
Caros amigos frequentadores das tardes de sábado na casa dos
meus pais e frequentadores do meu ateliê. Gostaria de fazer uma denúncia contra
o descaso com que é tratada a cultura e arte do Amazonas. A questão é o
seguinte:
1) Não sei se vocês se recordam do terreno atrás da casa de
meu pai, bem, ao lado deste terreno, construí meu ateliê, simulando uma casa de
caboclo, com 50 m². Acontece, que estava tramitando na justiça um pedido de
manutenção/reintegração de posse daquele terreno, por vizinhos que após as
benfeitorias que havíamos feito requereram na justiça. Meus pais ainda estavam
vivos.
2) Essa semana, foi publicado na internet uma sentença em
Brasília favorável a essas pessoas. Eu e meu advogado não fomos notificados, e
nenhum oficial de justiça me avisou, até porque o processo ainda não está aqui
em Manaus para cumprir os trâmites legais.
3) Eu teria que ser notificado e iriam me dar um tempo para
retirar tudo que me pertencia, inclusive desmontar meu ateliê e levá-lo para
outro lugar.
4) Da feita que os vizinhos souberam da notícia da internet,
fizeram um rombo no muro e invadiram o terreno, não apenas cortando algumas das
árvores que haviam sido plantadas, como desmontando meu ateliê, só ficou o
barro no local...
5) Tudo que havia dentro sumiu. Obras, materiais, máquinas e
equipamentos meus. Inclusive obras de outros artistas como o Moacir, o Afrânio
de Castro, Hanehmann, etc...
Construção foi
demolida e madeira levada, diz artista
6) Realizei B.O.s acerca dessa violência de: esbúlio
possessório, dano e ameaça.
7) No dia seguinte havia sido marcado uma perícia técnica do
Instituto de Criminalística no local, às 6 horas da manhã. Cheguei ao local com
minha esposa, às 5 e 30h aproximadamente, e qual não foi minha surpresa ao ver
que os invasores estavam carregando toda a madeira do meu ateliê, para levar
embora... Mais um B.O. por furto agora...
8) Chamei a polícia, filmei e fotografei e mais uma vez
fomos para delegacia, e os elementos foram agora enquadrados por furto, no
momento, começaram a alegar que a madeira era deles e que eles haviam comprado
ela...
9) O caso está rolando nas varas cabíveis...
10) O meu questionamento é sobre esta violência que foi
praticada não apenas a mim, que tinha aquele local como um refúgio da memória
dos meus saudosos pais, aliás, eles que haviam me dado o ateliê, onde eu ia
após um dia de cansativo trabalho, ou nos finanis de semana, pintar e ver meus
pais...Ainda existe a memória do meu trabalho que já tem 25 anos, e que
inclusive, alguns pesquisadores estudam em mestrado...
11) Fora o prejuízo material que foi grande, pra não dizer
incalculável... Como avaliar um desenho do Moacir de 1934? Ou uma gravura do
Hanehmann? Um xilogravura da Zuazo? Obras minhas do início da carreira, estudos
que nunca mais terei acesso....
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