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terça-feira, agosto 26, 2014

Atentado à memória e à cultura do Amazonas


Ateliê ficava em uma casa de madeira que imitava moradia de ribeirinhos

Caros amigos frequentadores das tardes de sábado na casa dos meus pais e frequentadores do meu ateliê. Gostaria de fazer uma denúncia contra o descaso com que é tratada a cultura e arte do Amazonas. A questão é o seguinte:

1) Não sei se vocês se recordam do terreno atrás da casa de meu pai, bem, ao lado deste terreno, construí meu ateliê, simulando uma casa de caboclo, com 50 m². Acontece, que estava tramitando na justiça um pedido de manutenção/reintegração de posse daquele terreno, por vizinhos que após as benfeitorias que havíamos feito requereram na justiça. Meus pais ainda estavam vivos.

2) Essa semana, foi publicado na internet uma sentença em Brasília favorável a essas pessoas. Eu e meu advogado não fomos notificados, e nenhum oficial de justiça me avisou, até porque o processo ainda não está aqui em Manaus para cumprir os trâmites legais.

3) Eu teria que ser notificado e iriam me dar um tempo para retirar tudo que me pertencia, inclusive desmontar meu ateliê e levá-lo para outro lugar.

4) Da feita que os vizinhos souberam da notícia da internet, fizeram um rombo no muro e invadiram o terreno, não apenas cortando algumas das árvores que haviam sido plantadas, como desmontando meu ateliê, só ficou o barro no local...

5) Tudo que havia dentro sumiu. Obras, materiais, máquinas e equipamentos meus. Inclusive obras de outros artistas como o Moacir, o Afrânio de Castro, Hanehmann, etc...


Construção foi demolida e madeira levada, diz artista

6) Realizei B.O.s acerca dessa violência de: esbúlio possessório, dano e ameaça.

7) No dia seguinte havia sido marcado uma perícia técnica do Instituto de Criminalística no local, às 6 horas da manhã. Cheguei ao local com minha esposa, às 5 e 30h aproximadamente, e qual não foi minha surpresa ao ver que os invasores estavam carregando toda a madeira do meu ateliê, para levar embora... Mais um B.O. por furto agora...

8) Chamei a polícia, filmei e fotografei e mais uma vez fomos para delegacia, e os elementos foram agora enquadrados por furto, no momento, começaram a alegar que a madeira era deles e que eles haviam comprado ela...

9) O caso está rolando nas varas cabíveis...

10) O meu questionamento é sobre esta violência que foi praticada não apenas a mim, que tinha aquele local como um refúgio da memória dos meus saudosos pais, aliás, eles que haviam me dado o ateliê, onde eu ia após um dia de cansativo trabalho, ou nos finanis de semana, pintar e ver meus pais...Ainda existe a memória do meu trabalho que já tem 25 anos, e que inclusive, alguns pesquisadores estudam em mestrado...

11) Fora o prejuízo material que foi grande, pra não dizer incalculável... Como avaliar um desenho do Moacir de 1934? Ou uma gravura do Hanehmann? Um xilogravura da Zuazo? Obras minhas do início da carreira, estudos que nunca mais terei acesso....

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