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segunda-feira, agosto 07, 2017

ABC do Fausto Wolff (Parte 40)


KENNEDY, John Fitzgerald (1917-1963) – Bonito, inteligente, rico, poderoso e, creio eu, um humanista, logicamente, morreu assassinado pouco depois de completar quarenta e seis anos. Deus, a máfia ou a extrema-direita não gostam de pessoas muito exibidas. Personalidade complexa a de Kennedy e, pessoalmente , estou propenso a acreditar que amadureceria com o tempo. Por isso, talvez, o tenham furado com tantos tiros. Já era o suficientemente perigoso.
O grande rival de John Kennedy até a sua morte foi seu irmão maior, Joseph Kennedy Jr.
Entre os dois filhos mais velhos (Joseph e John) e os dois mais jovens (Robert e Theodore), havia cinco mulheres.
Joe e Jack (dois anos mais moço), portanto, competiam em tudo: esportes, estudos, mulheres e, principalmente, para ver quem conquistava maior admiração do velho patriarca para quem o segundo lugar era inaceitável.
Quando Joe morreu na guerra, Jack passou a ter que lutar contra o seu fantasma.
Para seus pais, talvez, ser presidente dos Estados Unidos não fora o bastante. Para empatar com o irmão mais velho ele teria que morrer.
Além de política, o que gostava mesmo era de fuder.
O ex-senador George Smathers, que dividiu um abatedouro com ele quando solteiro, disse jamais ter visto uma libido mais ativa. “Gostava de duas, mas preferia três ou quatro mulheres peladas na cama”.
Certa vez disse a alguns jornalistas durante a campanha presidencial: “Só considero acabado um caso com uma mulher depois de ter tido relações com ela de três maneiras diferentes”.
O casamento com Jacqueline Bouvier não fez com que perdesse o apetite e deixasse de comer fora de casa.
Teve casos com a jornalista dinamarquesa Inga Arvard, injustamente acusada de espia nazista; a dançarina Blaze Starr, que ele teria comido na suíte de um hotel enquanto o noivo dela, o governador Earl Long – devia chamar-se Horn Long – dava uma festa no quarto ao lado; a pintora Mary Pinchot Meyer, que fumou maconha com ele na Casa Branca e mantinha um diário que desapareceu depois que ela foi assassinada; Judith Exner, que foi comida antes e durante a Presidência; as atrizes Gene Tierney (que pirou), Jane Mansfield, que teve a cabeça decepada num acidente, Angie Dickinson, já velhinha, mas que continua na ativa e, last but not least, Marilyn Monroe, que depois da morte dele passou a dar para Robert, o irmão mais moço.
A verdade é que, durante a sua campanha para a Presidência, o velho Joe Kennedy teve que dar um milhão de dólares a Jacqueline para que ela não pedisse o divórcio. Já seria difícil eleger o primeiro presidente americano católico da história do país, imaginem um católico divorciado.
Aparentemente, o negócio de Jackie nunca foi sexo, embora trepassem eventualmente, de tarde, na Casa Branca. Seu negócio era e é grana. Gozava à vista de jóias, dinheiro e poder.
Tanto que acabou com os sonhos de cinderela de milhões de secretárias do mundo inteiro ao se casar “por amor” com Aristóteles Onassis.
Todo mundo imaginava que, depois de Kennedy, ela só poderia se casar com um grande artista ou um prêmio Nobel de física, um troço desses. Ela foi diretamente na grana.
Aliás, ela e Ari se mereciam: ele fez grandes negócios graças aos conhecimentos dela e ela tirou dele todo o dinheiro que pôde. Provavelmmu nunca treparam.
Já Kennedy, segundo as centenas de mulheres que comeu, era rapidinho. Preocupava-se mais com quantidade que com qualidade.
Na folha de pagamento do Palácio havia duas secretárias – Fiddle e Faddle – que não sabiam datilografia, taquigrafia, estenografia, não eram boas em inglês ou matemática, não sabiam tomar recado, mas eram exímias felatrizes.
Numa reunião, se ele ajeitasse o zíper das calças, as duas sabiam que teriam que ficar depois que todos fossem embora.
Meio garotão, mas um intelectual da melhor qualidade, se não houvesse sido assassinado talvez tivesse feito pelos Estados Unidos o que Gorbachev está fazendo pela Rússia, país pronto para o comunismo passados setenta anos da revolução.
Impossível duvidar dos bons propósitos de alguém que diz: “Aqueles que lutam contra a revolução pacífica terão que enfrentar a revolução violenta”.
A não ser, é claro, que a frase fosse apenas de efeito, autoria de um ghost-writer da sua equipe.
Os fatalistas preferem acreditar que Kennedy foi vítima do Fator Zero.
É que, desde 1840, ano da eleição de William Henry Harrison, todos os presidentes eleitos num ano terminado em zero (1840, 1860, 1880, 1900, 1920, 1940, 1960) não saíram vivos da Casa Branca.
Foram eles, respectivamente, Harrison, Lincoln, GJarfield, MacKinley, Harding, Roosewelt e Kennedy.
Até o momento em que escrevo esta nota (19-12-1987), Reagan, que se elegeu pela primeira vez em 1980, continuava vivo.
PS: Kennedy uma vez comeu rapidamente, em menos de dez minutos, no banheiro do hotel Pierre, em New York, uma brasileira famosa nell mondo del cinema e dellá societá.
Não publico seu nome, pois não fui autorizado. Como ela sabe que falo dela, caso queira ser mencionada, é só entrar em contato comigo que preencho a lacuna na próxima edição.

KICHIZO, Ishida (1904-1936) – Este, coitado, entrou realmente numa geladíssima. Era gangster. Membro respeitado da máfia japonesa. Casado, pai de quatro filhos. Mais digno, portanto, que qualquer ministro brasileiro do período que vai de 1964 a 1988.

Ainda assim sofreu. Apaixonou-se pela jovem e bela Abe Sada uma gueixa que lhe deu uma chave de buceta, das quais é impossível se livrar. Os dois gostavam dum joguinho sadomasoquista.

Enquanto ele a comia na posição do sacerdote (quem está pensando que é a mulher por baixo, o homem por cima e o sacerdote no meio, enganou-se; trata-se do popular papai-mamãe, ou seja, ela por baixo e ele por cima sem ninguém no meio), ela fingia que o estrangulava com o cinto do pijama. Ele chegava a gozar, mas ela não o matava.
Acontece que ele não largava da mulher. Ela chateava e ele nada. Um dia ele propôs: “Que tal te botar numa casa de chá e te ver de vez em quando?”
Ela contraproprôs: “Que tal a gente fugir ou, melhor ainda, que tal a gente se matar?”
Venceu a proposta dele o que fez com que ela pensasse que o amor dele estava diminuindo, já que na casa de chá ela teria que trepar também com outros clientes.
Ele, porém, conforme havia prometido, aparecia duas ou três vezes por semana.
Uma noite, entretanto, enquanto ele a comia e ela fingia que o estrangulava, ela parou de fingir. Ele morreu.
Antes de fugir, ela decidiu que deveria levar consigo uma lembrança do seu amado Ishida Kichizo e cortou-lhe o pau.
Meteu-o numa bolsa e foi brincando com ele, alguns dias depois, que a polícia a prendeu num quarto de hotel.
A piroca do gangster japonês foi confiscada e ela pegou prisão perpétua.
Por engano, foi confundida com uma presa política e libertada pelas forças de ocupação americanas em 1947.
Hoje é dona de um boteco, perto do rio Sumida, que banha Tóquio.
Vocês, talvez, tenham visto o filme sobre eles – Império dos Sentidos – , que fez muito sucesso até mesmo no Brasil, principalmente aquela parte em que ele tira um ovo de galinha da buceta dela.
Outros paus que se tomaram famosos por terem sido separados dos corpos dos seus donos: o de Napoleão Bonaparte. O padre que assistia a autópsia, em 1821, tanto encheu o médico que ele acabou dando o pauzinho mole (3 centímetros) do imperador para ele. O dono do pau, hoje, é um urologista americano que o comprou em leilão por 3.800 dólares.
O pau de John Dillinger (24 centímetros mole), que foi cortado por um patologista entusiasmado.
O pau do general Kang Ping. Aliás, a história do pau do general merecia um verbete só para ele, mas estou sem saco (no sentido de estar sem vontade e sem paciência), de modo que falo dele aqui mesmo. Está certo, faço um parágrafo: pau novo, linha nova.
Yung Lo era imperador da China em 1420 — dinastia Ming quando um dia chamou seu melhor amigo e o principal líder militar do país e informou: “Meu caro general Kang Ping, vou ter que me ausentar durante alguns meses e vou deixar você tomando conta do meu palácio e das 1.400 mulheres do meu harém. Só confio em você”.
Se o Kang Ping não fosse muito macho teria se cagado todo, pois o imperador era conhecido pela sua desconfiança e pelas suas mudanças de humor. Podia voltar da viagem e acusar Kang Ping de ter tentado usurpar o poder ou comei uma das suas amantes. Poderia sobrar para ele.
Kang Ping, porém, se antecipou e pôs em prática um plano genial e burro. Quando Yung Lo voltou de sua viagem, mais paranóico do que nunca, depois de uma rápida inspeção no harém, foi logo berrando: “Kang Ping, seu filho da puta, você andou comendo as minhas mulheres!” “Não comi ninguém, não, meu imperador e posso provar!” “Então prova!” “Dê uma olhada na bolsa da sua cela!”
O imperador meteu a mão na bolsa e lá dentro encontrou o pau e os bagos de Kang Ping.
Ele havia se castrado e colocado os documentos na bolsa da cela do imperador antes dele viajar.
O monarca ficou tão comovido que promoveu o general a eunuco-chefe do seu harém e depois da sua morte mandou construir um templo só para ele e exigiu que fosse adorado como patrono dos capados.
Duvido que algum general brasileiro fosse capaz de um gesto de lealdade desses para com seu líder, fosse ele Costa e Silva ou Sarney.

KINSEY, Alfred Charles (1894-1956) – Na minha opinião era um tarado, um maluco, um xereta, mas passou para a História como biólogo, sexólogo e pioneiro em estatística no que se refere a comportamento sexual.

Este senhor, que nasceu em New Jersey, além de caretão e classe média, era meio instável.
Primeiro se formou em psicologia na Universidade de Bowdoin e depois tirou um PhD em entomologia em Harvard.
Está certo que psique quer dizer borboleta em grego, mas aí param todas as analogias entre insetos que são, se não me engano, o que os entomologistas estudam (ou éntomon não quer mais dizer inseto em grego e nem lógos quer dizer estudo?), e a psicologia, que, por sua vez, não é o estudo das borboletas, mas o da mente, principalmente humana.
Pois bem: Kinsey casou e ficou estudando um determinado tipo de vespa durante dezessete anos.
Foi nessa época – 1937 – que a Universidade de Indiana (o Estado mais sem imaginação do mundo, pois chama-se Indiana porque alguns índios teriam vivido lá) decidiu começar um curso de educação sexual e chamou Kinsey para ministrá-lo.
Agora eu pergunto: por que chamar um cara que entendia de anatomia de abelha para ensinar sexo pra gente? Numa dessas, foi ele o cara a dizer primeiro: “Meus filhos, vocês sabem como as abelhinhas fazem? Pois com gente é a mesma coisa!”
Brincadeira à parte, Kinsey descobriu que não existia em todos os Estados Unidos da Santa Hipocrisia Wasp (aqui não mais vespa, mas white, anglo, saxon, protestant) nenhuma pesquisa sobre sexo.
Em 1938 começou entrevistando 62 homens e 62 mulheres sobre suas vidas sexuais.
Em 1939 fez mais 671 entrevistas e nos próximos dez anos encheu o saco de mais de 12 mil pessoas sobre 521 itens.
Trabalhou entre quatorze e dezesseis horas por dia e percorreu todo o país.
Em 1948 escreveu O Comportamento Sexual do Homem e em 1953 O Comportamento Sexual da Mulher, depoimentos de mais de 5 mil homens e 5 mil mulheres brancos.
Deixou o criouléu de fora porque não havia entrevistado um número suficientemente grande para estabelecer padrões.
Quando morreu, em 1956, havia escutado mais de 20 mil confissões. Nem padre sacana e punheteiro tem saco pra isso.
Eis algumas das suas descobertas:
8% dos homens e 0,4% das mulheres haviam tido relações com animais;
92% dos homens se masturbavam e, destes, 0,3% eram contorcionistas, ou seja, chupavam os próprios paus;
0,3% das mulheres lembravam-se de terem se masturbado antes dos três anos;
4% dos homens eram exclusivamente homossexuais, mas 37% haviam entubado pelo menos uma vez, a ponto de ejacularem;
28% das mulheres tiveram ao menos uma experiência lésbica até os quarenta anos;
80% dos homens levantavam o palhaço aos sessenta e apenas 25% aos oitenta anos, o que não significa que eles chegavam a gozar – provavelmente a chamada meia-bomba-chapliniana-rápida.
Descobriu ainda que 2% das entrevistadas eram frígidas e a estas aconselhou a prática da masturbação.
Posteriormente, com as pesquisas de Master & Johnson, Comfort e Shere Hite, descobriu-se que após a invenção da pílula anticoncepcional no menu do Ocidente todo mundo passou a fazer de tudo muito mais.
Querem saber porque eu esculhambei com o Kinsey logo de cara? Porque, segundo seus auxiliares, ele ouviu mais de 20 mil histórias de sacanagens e não comeu uma só entrevistada. Pode?

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