SAFO
(625-580 a.C.) – Já provei que Onan não era onanista,
sugeri que Sade não era sádico e estou quase certo que Safo não
era safada e nem lésbica. De uma coisa, porém, não tenho dúvida:
foi a maior poeta da antiguidade grega.
Colocava-se no centro do poema e transmitia suas angústias, seu medo, mas, principalmente, o seu amor, sua capacidade de amar em frases curtas e românticas, embora contundentes.
Colocava-se no centro do poema e transmitia suas angústias, seu medo, mas, principalmente, o seu amor, sua capacidade de amar em frases curtas e românticas, embora contundentes.
Por
que, portanto, as mulheres homossexuais são chamadas de lésbicas? É
que Safo nasceu na ilha de Lesbos, na Grécia, na costa da Ásia
Menor.
Nesta
ilha, ao contrário do resto do país, as mulheres da classe alta
tinham acesso à educação e à cultura.
Já
na adolescência formavam grupos diversos que se entretinham
escrevendo e declamando poemas, ao contrário do que acontecia em
Atenas e Esparta, onde as mulheres eram consideradas cidadãs de
segunda categoria.
Em
verdade os gregos achavam que o amor homossexual entre homens
(Sócrates e Aristóteles, certamente, entregavam) era o mais puro
dos amores e iam para a cama com as mulheres apenas para procriar.
Deixadas
sozinhas, nada mais natural que as mulheres se entregassem à luta
aranhal ou botassem as aranhas para brigar, como diz o nefando
cartunista Jaguar.
Em
seus poemas, Safo falava gentilmente das colegas de seu clube e
criticava outras de outros clubes, colocava o amor acima de todos os
outros sentimentos e embora louvasse a mulher, em nenhum momento fala
especificamente em prática sexual entre mulheres.
Sabe-se,
inclusive, que foi casada com Cercolas, um homem riquíssimo da ilha
de Andros, e que teve uma filha, Cieis.
Sua
poesia, porém, deve ter impressionado seus contemporâneos e
centenas de gerações futuras, pois duzentos anos depois da sua
morte ainda se pintavam retratos seus que podem ser encontrados no
Museu de Atenas.
Deviam
admirá-la muito, pois num mundo machista apenas homens ou celebradas
cortesãs mereciam essa honra.
Safo
teria escrito mais de quinhentos poemas em mais de 12 mil linhas, das
quais sobreviveram apenas umas setecentas, pois dois Gregórios
tentaram destruir sua memória: primeiro São Gregório, em 380 d.C,
e, posteriormente, o papa Gregório VII, em 1073. Ambos mandaram
queimar seus poemas, acusando-a de ser ninfomaníaca.
Muitas
das setecentas linhas que se salvaram dos escritos de Safo foram
descobertas no século passado no Egito: durante mais de 2 mil anos
serviram para embalsamar múmias.
Diante
de atos tão tolos de uma humanidade que precisa de religiões,
bandeiras, clubes, partidos, é difícil encontrar algum sentido para
a vida.
Safo,
muito provavelmente foi bissexual, prática bastante comum entre as
mulheres até os dias de hoje, o que, aliás, apenas aumenta a sua
feminilidade.
SACHER-MASOCH,
Leopold von (1836-1895) – Vocês devem estar pensando:
“Ele disse que Onan não era onanista, que Sade não era sádico e
que Safo não era safada. Na certa vai dizer agora que o Leopoldinho
não era masoquista”.
Ledo ivo engano! Era. Aliás, foi o primeiro masoquista. Antes dele o pessoal que gostava de levar porrada era só chamado de maluco ou santo.
Ledo ivo engano! Era. Aliás, foi o primeiro masoquista. Antes dele o pessoal que gostava de levar porrada era só chamado de maluco ou santo.
Escritor
austríaco, era filho do chefe de polícia da cidade de Lemberg que
por si só já explica muita coisa. Para dizer a verdade, a culpada
de tudo foi uma tia sua chamada Zenobia, dona de um belo par de coxas
macias.
Um
dia, quis o destino que o nosso herói, que na época tinha seus nove
anos mais ou menos, estivesse brincando dentro de um armário da tia,
em meio aos seus casacos de pele.
Tia
Zenobia entrou no quarto com o amante, possuída de TG: tesão
galopante. Foi logo tirando o casaco, o pulôver, a blusa, o sutiã,
a saia, as doze anáguas, as calcinhas (que recém estavam entrando
na moda), abrindo as pernas, recebendo o tarugo e dando gritinhos.
Tudo em menos de cinco minutos.
No
meio da performance os dois descobriram o garoto que espiava e
tiveram que interrompê-la(o), a performance e o Leopoldo. Resolveram
dar-lhe um corretivo, causa justíssima, pois não há nada mais
chato que coitus interruptus. Baixaram-lhe as calças e
aplicaram-lhe trinta varadas no popô! Sem nem desconfiarem, Zenobia
e seu comedor haviam acabado de inventar o masoquismo oficial.
Aos
vinte e cinco anos, Masoch conheceu Anna von Kotowitz, tirou-a do
marido, um médico riquíssimo, e a convenceu a viver com ele. Por
que o espanto? Ele, tirante o fato de gostar de sofrer, era um cara
simpático, agradável, bem-falante, inteligente e boa-pinta.
Mal
havia conquistado a Anninha, já estava insistindo para que ela
arranjasse um amante. Ela, que também era da pá virada, adorou a
ideia. Ao ver que ele gostava de apanhar, passou a lhe administrar
surras diárias de chicote. Nessas ocasiões lhe contava em detalhes
o que fazia na cama com o amante.
Tudo
ia indo muito bem até o dia em que Anna teve o mau gosto de apanhar
uma gonorréia, ocasião em que Leopoldo a mandou de volta para o
marido.
Seu
próximo caso foi com uma falsa baronesa, Fanny Piscator. Com ela
chegou a assinar um contrato, mais ou menos, nesses termos: “A
senhora F. P. tem o direito de punir o seu escravo (L. V. S. M.) do
modo que achar conveniente sempre que ele incorrer na menor falta.
Ele deve prestar servil obediência à sua senhora e receber como uma
dádiva qualquer tratamento favorável que ela lhe dispensar. Ele
reconhece, ainda, que ela não tem obrigação alguma de amá-lo.
Ela, por sua vez, promete usar casacos de pele sempre que possível,
e principalmente quando estiver de mau-humor”.
Assinado
o contrato, o casal viajou por toda a Itália numa viagem financiada
por ele, na qual ele fazia o papel de lacaio. Em Veneza, Masoch a
convenceu a arranjar um amante: um atorzinho de quinta classe chamado
Salvini. Masoch servia à mesa os dois como eficiente criado e
vibrava (ou sofria, sei lá!) vendo-os treparem pelos mais diversos
buracos de fechadura.
Esta
situação lhe deu inspiração para escrever o seu livro mais
importante, Venus in Furs, que, traduzido à la galega
seria Vênus de Casaco de Peles, com Fanny no papel de Wanda,
Masoch no papel do marido-criado Savarin, e Salvino no papel do
grego-amante.
Em
abril de 1872, Masoch, o masoquista, anotou em seu diário: “Eu não
gosto de ser maltratado por uma mulher que me ame muito, mas por uma
mulher que me ame só um pouco. Para mim, amar uma mulher significa
ter medo dela”.
Alguns
anos de humilhações, infidelidades e milhares de chicotadas depois,
Fanny cansou o braço e encheu o saco. Pediu o boné e foi
substituída por Aurora von Rumellia, que o obrigou a se casar com
ela. Tiveram três filhos, aparentemente dele mesmo.
Como
Fanny, para prazer-dor de Leopold, Aurora também teve vários
amantes, dava-lhe surras de sair faísca do rabo quase todos os dias,
cuspia na cara dele, chamava-o de cocô e outros carinhos que tais.
Depois
de alguns anos, porém, não aguentou mais aquela lengalenga que se
repetia ad nauseam e deu no pé.
Nos
últimos anos de sua vida, Masoch começou a confundir ficção com
realidade e acabou por se casar com a governanta dos seus filhos.
Sintomático, não? Coitadinha, foi obrigada a corneá-lo e a
cobri-lo de cacetadas até o dia da sua morte.
Agora,
imaginem os filhos do Masoch, voltando para casa com um boletim cheio
de notas péssimas: “Melhor não mostrar para o papai senão, de
castigo, ele vai obrigar a gente a bater nele”.
SCHROEDER-DEVRIANT,
Wilhelmina (1804-1860) – O pessoal na faixa dos
quarenta-cinquenta anos deve se lembrar de um livro publicado
clandestinamente em português, por volta de 1950, com o título de
Memórias de Uma Cantora.
Era cheio de frases como: “Não resisti às suas carícias voluptuosas e pouco a pouco abri as coxas e revelei meu monte de vênus para ele que, sem perda de tempo, penetrou-me com seu dardo do amor”.
Hoje em dia isso tudo soa fané pacas, mas bati muito bife em homenagem a esse tipo de frases.
Era cheio de frases como: “Não resisti às suas carícias voluptuosas e pouco a pouco abri as coxas e revelei meu monte de vênus para ele que, sem perda de tempo, penetrou-me com seu dardo do amor”.
Hoje em dia isso tudo soa fané pacas, mas bati muito bife em homenagem a esse tipo de frases.
Pois
a heroína do livro existiu mesmo. Tratava-se da nossa Wilhelmina (ou
Guilhermina, como preferem os punheteiros do lácio inculto), famosa
cantora alemã, chapinha de Beethoven e “musa trágica” de
Wagner, de acordo com suas próprias palavras.
Talvez
não chegasse a botar a Maria Callas no chinelo, embora houvesse
interpretado, entre outras personagens, a Leonora, de Fidélio,
e a Vênus de Tannhäuser. Teve, porém, uma vida bem mais sacana que
a falecida amante do falecido Onassis.
Segundo
Aus den Memorien emes Singerin, narrado na primeira pessoa
(publicado após a sua morte e considerada a obra mais erótica do
século XIX em língua alemã), já na adolescência descobriu suas
duas paixões: masturbação e música, nesta ordem.
Na
prática da primeira, era assessorada por uma amiguinha mais velha,
chamada Gretchen (Margarida, como preferem os punheteiros, etc.).
Aos
quinze anos seduziu seu professor de piano e o convenceu – o que
não deve ter sido nada difícil – a ir para a cama com ela e
Gretchen. “Foi quando me tornei”, diz ela em suas memórias, “a
maior artista do felacio e do cunnilingus que a Alemanha já
produziu”.
Ela
concorda com o autor desses verbetes que não existe nada mais belo
no mundo que duas belas mulheres fazendo amor. Adorava uma
garotinha,mas não dispensava o que ela chamava às vezes de “lança
de fogo”.
Aos
vinte e poucos anos entrou em contato com as obras de Sade e se
tornou uma sádica visual. Não gostava de bater, mas gostava de ver
alguém bater numa terceira pessoa.
Juntamente
com Gretchen, subornou o guarda de uma prisão para poder admirar uma
jovem ladra ser açoitada.
Ao ver a moça gozar enquanto apanhava, Wilhelmina, à custa de grana, conseguiu a sua liberdade e tornou-a sua amante.
Tinha adoração por ela. Tanto que uma noite deu-lhe uma garrafa de champanhe e ordenou: “Bebe a garrafa toda, meu amor, que depois eu bebo de você”.
Ao ver a moça gozar enquanto apanhava, Wilhelmina, à custa de grana, conseguiu a sua liberdade e tornou-a sua amante.
Tinha adoração por ela. Tanto que uma noite deu-lhe uma garrafa de champanhe e ordenou: “Bebe a garrafa toda, meu amor, que depois eu bebo de você”.
Quando
Wilhelmina, seu namorado e sua namorada jantavam juntos, estavam
sempre pelados. Embaixo da mesa uma empregada fazia coisas com as
mãos e a língua, nos países baixos deles, que prefiro deixar à
imaginação de vocês.
Morreu
tranquilamente aos cinquenta e seis anos em Londres, onde, entre uma
orgia e outra, se dedicava a obras de assistência social.
Vocês
não imaginam o número de senhoras que saíam do apartamento no meu
tempo de solteiro dizendo coisas como: “Desculpa, meu bem, mas não
vai dar para você dar a segunda hoje porque meu marido está
esperando para irmos ao chá no Golden Room do Copacabana Palace, em
benefício dos mongolóides de Teresina”.
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