MISHIMA,
Yukio (1925-1970) – A você,
leitora, que está pensando em casar mas que é bem baixinha, eu
sugiro muita calma, pois não lhe desejo a sorte da infeliz Yoko
Sugiyama. Em 1958, ela foi procurada em sua casa por dois rapazes
altos e parrudos que, depois de um pequeno preâmbulo, perguntaram se
ela não queria casar com Yukio Mishima.
Ela
mal pôde acreditar, pois ele era o escritor mais popular do Japão e
todas as moças ricas e inteligentes de famílias tradicionais deviam
andar correndo atrás dele.
Ela,
porém, foi a escolhida, porque tinha só dezenove anos, era mais
baixa que Mishima, que tinha menos de 1,55m, queria casar com ele por
considerá-lo um homem bonito e não por ser uma celebridade, seria
gentil e obediente com seus pais e prometera não perturbá-lo
enquanto ele estivesse escrevendo seus romances.
Mas
entre as coisas que a pobre Yoko não sabia, estava o fato de que
centenas de jovens procuradas pelos dois rapazes altos e fortes
teriam respondido que prefeririam morrer a casar-se com Mishima.
E no Japão, quando alguém diz que prefere morrer é porque prefere mesmo.
E no Japão, quando alguém diz que prefere morrer é porque prefere mesmo.
Casaram-se
dois meses depois de se conhecerem. Puta festa. A sociedade endoidou.
Partiram para a lua-de-mel e Yoko verificou que Yukio não era grande
entusiasta do esporte. Trepava, é verdade, mas assim, meio
distraidão.
Ao
voltar para casa e verificar que ela estava cheia de rapazes altos e
fortes foi que a pobre Yoko descobriu que seu marido não era só o
escritor mais popular do Japão, mas também homossexual, líder de
um Exército de mais de oitenta homens chamado literalmente de a
Sociedade do Escudo, e tinha uma mãe que era uma verdadeira megera.
Quando
Mishima não estava escrevendo, se reunia em casa com seus
“soldados”. Passavam óleo nos respectivos corpos e faziam
concursos de halterofilismo. Eventualmente, se beijavam, se abraçavam
e enfiavam dedos nos respectivos cus.
Tudo
isso Yoko aguentou pacientemente e até mesmo a sogra, que vivia lhe
enchendo o saco (metáfora, metáfora): “Meu filho entrega o anel
porque você não é uma boa esposa”.
Chegou
mesmo a convencê-lo a ir para a cama com ela de vez em quando e a
prova disso são os dois filhos do casal, já bem crescidinhos hoje
em dia.
Li
quase toda a obra do Mishima, infelizmente em traduções para o
inglês. Era realmente um bom escritor, embora fosse fascista,
sadomasoquista e um bom canalha, pelo menos em relação à mulher.
Se
torturava com a ocidentalização do Japão que, segundo ele, estava
se emasculando.
Paradoxalmente,
porém, adorava o cinema americano, fazia boas imitações de
Humphrey Bogart, James Cagney, Marlon Brando, e entre seus planos
estava levar seus filhos para a Disneylândia.
Gostava
também dos trópicos e antes do seu casamento, aos trinta e três
anos, esteve no Rio de Janeiro durante um carnaval e seu quarto no
Copacabana Palace estava sempre cheio de rapazes altos e fortes.
Vivia
obcecado com a ideia da morte e seu melhor livro, na minha opinião,
é uma análise de um clássico japonês, de autoria de um samurai do
século XVII, o Hagakure, que informa: “Na dúvida, o verdadeiro
samurai escolhe a morte”.
Em
1970, Mishima tentou dar um golpe de Estado. Troço ridículo: depois
de usar um general das Forças Armadas como refém, tentou convencer
os soldados a subverter o governo.
Riram
dele que, na frente das câmeras de TV, praticou o seppuku,
desventrando-se com uma espada. Seu jovem amante, Morita, deu um
passo à frente e cortou-lhe a cabeça.
Macho
pacas, mas pessoalmente acho que se matou porque achava chato ser
macho pacas e gostar de sentar num sabre.
MODÉSTIA
– Nada a ver com aquela demonstrada por
Jesus após ser adorado por uma multidão de mulheres: “Por favor,
minhas senhoras, foram apenas uns milagrezinhos”. A modéstia a que
me refiro está mais para decoro e pudor determinados por convenções
sociais.
Na tradição judaico-cristã a modéstia está associada a
roupas e ao ato de vesti-las. Adão e Eva, depois da primeira
bimbada, foram se esconder atrás das moitas, pois não?
Os
índios que insistem em se comportar como verdadeiros seres humanos –
e por isso mesmo estão sendo dizimados –
não pensam assim.
Por
ocasião da abertura da Belém-Brasília, conheci alguns que viviam
às margens do Tocantins e que tinham vergonha de usar as roupas que
os bestalhões que estavam comigo lhes ofereceram.
Uma
mulher muçulmana de uma das muitas tribos berberes do Saara, se
fosse surpreendida pelada, tentaria cobrir a face e não a xota.
Na
Espanha do século XVI e em algumas partes da China pré-Mao, os pés
femininos só podiam ser vistos em toda a sua esplendorosa nudez pelo
legítimo marido do resto da mulher.
Aliás,
na China, para aumentar a tesão dos seus senhores, as pobres
mulherinhas amarravam os pés desde a infância, deformando-os para
sempre na maioria das vezes.
Como
vocês vêem, volta e meia a proverbial sabedoria chinesa estava mais
para proverbial do que para sábia.
Na
Espanha, a inquisição chegou a pedir a cabeça de Murillo porque o
pintor ousara apresentar “La Virgen” de pés descalços.
Entretanto, ela já havia sido retratada de seios de fora durante
toda a Renascença. Aliás, vou fazer um parágrafo para falar de
seios.
No
reino de James I (que, por sinal, entubava e a famosa tradução da
Bíblia para o inglês não foi, realmente, de sua autoria; ele se
limitou a pagar os tradutores e depois assinou embaixo), na
Inglaterra, as mocinhas virgens usavam decotes imensos que expunham
seus mamilos à gratificada curiosidade pública.
Era
um modo de dizer: “Ainda não dei minhas prendas para ninguém”.
O
topless-look entra e sai dá moda anualmente nas mais diversas
partes do mundo.
Dizem
alguns detratores do nosso competentíssimo governo que sempre que
ele quer desviar a atenção do distinto público de alguma
roubalheira maior que as corriqueiras, paga algumas maluquetes para
andarem peladas pelas praias do país. Não há jornal que não caia
no conto.
A
verdade, meus chapinhas, é que tem sempre um babaca para dizer que a
nudez é a fonte de todos os males, embora não tenha aparecido
ninguém para dizer que viu o sr. Antonio Carlos Malvadeza pelado.
O
papa Júlio II ficou tão horrorizado ao ver os pauzinhos que Miguel
Ângelo pintou em anjos, santos e apóstolos, que contratou um pintor
medíocre – Giovanni Volterra –
para pintar uns paninhos diáfanos sobre as santas partes pudendas.
E
nos Estados Unidos, ainda alguns anos atrás, uns malucos iniciaram
uma campanha para tornar obrigatório o uso de culhoneiras em
cachorros e cavalos.
Se
Deus – seus moralistas de merda! –
achasse paus, bucetas, seios e bundas, coisas feias, teria feito suas
criaturas sem essas partes... modestamente.
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