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sexta-feira, agosto 11, 2017

ABC do Fausto Wolff (Parte 46)


MARIA LUÍSA (1751-1819) Não era flor que se cheirasse, mas como era também rainha da Espanha e sofria de coceiras-vaginalis, o pessoal só não cheirava, como tocava, beijava, lambia e comia. Era neta de Luís XV (aquele que tinha um harém só pra ele, lembram?) e mulher de Carlos IV.

A putaria, aparentemente, estava no sangue. Chegou a ser engraçadinha quando jovem e logo depois de casada disse a Carlos: “Vai, Carlos, ser corno na vida”. Aliás, minto. Ela não disse, mas pensou.
Imaginem que pra poder fuder em paz ela criou a sua própria corte, onde traçou, entre outros, don Juan Pignatelli, o conde de Tebas, o duque de Abrantes. Não confundir com o marquês de Abrantes, que é uma rua no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Carlos IV, além de corno era burro. Imaginem que um dia fez o seguinte comentário: “Se as rainhas se sentissem tentadas a pecar, onde encontrariam reis e imperadores para pecarem com elas?”
Para Maria Luísa, entretanto, qualquer pé-de-chinelo servia, desde que ela estivesse com apetite.
A grande paixão da sua vida, porém, foi Manuel de Godoy, um nobrezinho de merda, da província, dezesseis anos mais moço que ela.
Não era particularmente inteligente e nem boa-pinta. Aos vinte e cinco anos, porém, já havia sido nomeado primeiro-ministro. É que o seu único talento aquele que interessava a Maria Luísa estava oculto.
O dia de Godoy era mais ou menos assim: tomava café e comia a rainha, despachava com os ministros, comia a rainha, almoçava, comia a rainha, praticava equitação, comia a rainha, praticava esgrima, jantava e comia a rainha. Aliás, o seu quarto era ligado ao dela por uma escada secreta.
O chato é que a rainha foi ficando cada vez mais feia. Antes dos quarenta anos já tivera doze filhos (alguns com Godoy), estava desdentada (não sobrou um dente para contar a história) e macilenta.

A vontade de levar ferro, porém, só fazia aumentar.
Para piorar a situação, o mulherio da corte vivia dando em cima do Godoy, que ainda fazia horas extras com uma plebeia chamada Pepita.
Para evitar que continuasse comendo a Pepita, Maria Luísa o obrigou a se casar com Maria Tereza de Valabrige, condessa de Chinchon, em 1797.
Godoy, porém, continuava visitando os lençóis da Pepita, com quem também chegou a ter dois filhos.
Quando Godoy se ausentava, a rainha comia o que estivesse à mão.
Um dia encheu tanto de presentes um membro da sua guarda que o próprio rei corno estranhou e perguntou para Godoy, o amante oficial: “Quem é este cara?”

E o gigolô gozador: “É sustentado por uma velha rica e desdentada”.
Não é preciso ser muito perspicaz para compreender que com uma rainha puta, um rei corno e um primeiro-ministro que só tinha tempo pra fuder, a Espanha estava naquela época quase tão bem como o Brasil em 1988.
Diante disso, Napoleão encheu o seu saquinho, que era realmente mínimo (ver verbete de Ishida Kichizo) e botou um dos seus irmãos no trono espanhol.
Maria Luísa, Carlos IV, Godoy e sua mulher, Pepita e seu marido foram todos viver no exílio em Roma.
Primeiro morreu Maria Luísa, talvez por excesso de trolho, depois seu marido, por excesso de chifres, depois a mulher do Godoy e, finalmente, o marido da Pepita.
Godoy e Pepita casaram e três semanas depois ela descobriu o idiota que ele era sem o título de primeiro-ministro e lhe deu um pé na bunda

MASOQUISMO Já tinha nego adorando ser humilhado e só gozando na base da porrada, antes mesmo do Homero pensar em escrever a Ilíada (se é que ele existiu e, se existiu, se é que escreveu a Ilíada). Dizem até que Vulcano só conseguia ter uma ereção depois de Vênus ter trepado com meio Olimpo.

Só que os antigos não sabiam que eram masoquistas, pois ninguém os informou. É que a palavra é recente. Trata-se de uma homenagem a Leopold von Sacher-Masoch (1836-1895), que só descobriu que era masoquista aos oito anos.
Um dia, brincando dentro de um armário, o sacaninha descobriu sua tia Zenóbia agasalhando o paranaguá do amante na sua caravalha. Se tivesse ficado quietinho seria apenas mais um reles voyeur. Ele, porém, se entusiasmou tanto que começou a fungar alto.
Descoberto, tia e amante baixaram lhe as calcinhas e lhe deram uma surra de vara de marmelo. Ele gostou e a partir deste dia dedicou sua vida a fazer com que os outros o cobrissem de porrada. Sentimento de missão não se discute!
Mas sobre a vida dele eu falo no verbete dele. Ordem, portanto, e nova linha.
Em Estocolmo, há alguns anos, eu vi um número de sadomasoquismo onde um sujeito era amarrado, amordaçado, chicoteado pra valer por uma mulher de calcinhas, meias e sutiã pretos, além de sapatos de saltos altíssimos.
Depois de dar umas vinte vergastadas no infeliz, a mulher picava todo o corpo dele com alfinetes e amarrava uns pesos no seu saco. Pouco a pouco o cheio de varizes do sujeito começava a se assanhar.
Nessa ocasião, a mulher desamarrava uma das mãos do escravo e ele se masturbava. Lógico, se ela deixasse ele comê-la, não seria mais masoquismo, e se não fosse mais masoquismo, o cara brocharia. Tratava-se de um mamastu: masoquista masturbador.
Tem masoquista, porém, que exagera: quer ser cagado, mijado, castrado. Muitos anos antes de Masoch nascer, uma prostituta inglesa, Susanne Hill, foi julgada pelo homicídio de um músico chamado Hans Kotzwarra.
No tribunal, ela explicou que ele pedira para que ela lhe cortasse o pau fora. Ela, boa moça, prendada, naturalmente se recusou. Então ele pediu uma bobagem:
– Me enforca, só de brincadeira!
Ela topou, mas deu um nó tão forte no pescoço do maluco que ele morreu. Mas morreu, segundo ela, numa boa!
A psicanálise moderna tem várias teorias para o masoquismo, embora não tenha nenhuma teoria para a psicanálise.
A mais conhecida é a de que um profundo complexo de culpa impede o masoquista de ter um relacionamento sexual normal. O prazer só pode ser adquirido se pago através da dor e da humilhação.
O masoquista, por sua vez, se exime de qualquer responsabilidade sobre a sua vida e a vida do mundo, uma vez que é amarrado, supliciado e se limita a obedecer ordens.
Infelizmente, não tenho mais espaço para este verbete, mas sugiro aos pais mais trogloditas que pensem antes de bater nos filhos e filhas, pois podem estar criando um masoquista que durante a vida inteira vai encher o saco de todo mundo até ser coberto de cacetadas.

MASTERS, William (1975- ) – JOHNSON, Virgínia (1925- ) – Ele é um ginecologista careca que descobriu que pouco se sabia sobre o comportamento sexual da mulher. Poderia ter perguntado à própria, mas aparentemente ele queria um número maior de respostas. Ela havia trabalhado em publicidade quando se candidatou a ser sua secretária. Era bonitinha, voz macia e bem-feita de corpo. O que eles tinham em comum: curiosidade sobre a vida sexual dos outros.
Em 1954, quando se conheceram, ela já estava divorciada do marido e tinha dois filhos. Ele continuava casado.
O programa consistia em botar casais para fuder literalmente num quarto cheio de gravadores, câmeras fotográficas e cinematográficas, aparelhos de medir a pressão e eletrocardiógrafos.
Quando as mulheres não estavam trepando, o casal fazia com que elas se masturbassem. Atingindo o orgasmo, cobriam suas cobaias de perguntas.
Foram mais de setecentos homens e mulheres que procuraram ejacular e ter orgasmos para deleite do William e da Virginia.
Quando as mulheres não orgasmavam com a ajuda dos paranaguás (ou eram caravalhas? Vou inventando esses neologismos e depois esqueço como eu batizei o quê), os bons doutores botavam a mulher de costas e a faziam ser penetrada por uma máquina de fuder elétrica.
Ao todo, eles devem ter testemunhado uns 10 mil orgasmos.
Eis algumas das suas conclusões publicadas no livro Human Sexual Response, que apareceu nas livrarias em 1956 e vendeu, de cara, mais de 250 mil cópias a dez dólares cada uma:
a) Quando excitado, o pau do homem fica duro e as paredes da xota da mulher se lubrificam. Os ovos do homem sobem enquanto o seu saco se encolhe. Os pequenos e grandes lábios da mulher, bem como o clitóris e os seios, incham, enquanto que o interior da vagina se torna mais espaçoso.
b) Aumentam a pressão sanguínea, a pulsação e a respiração.
c) Quando o homem ejacula, a vagina se contrai. As contrações em ambos os sexos ocorrem no princípio a cada 1/2 de segundo e depois a intervalos cada vez maiores. As contrações variam entre 3 e 12 até um recorde de 25 em 43 segundos. Há uma correlação entre o número de contrações e a intensidade do orgasmo.
d) Não há nenhuma diferença fisiológica entre orgasmo vaginal e orgasmo clitorídeo. Isso deixou os filhos de Freud do mundo inteiro chateados pois, segundo o velho, o orgasmo vaginal é maduro e o orgasmo clitorídeo (iano) é imaturo.
e) Os orgasmos mais intensos ocorrem através da masturbação e muitas mulheres são multiorgasmáticas. Algumas, com um vibrador elétrico, chegam a gozar umas vinte vezes numa hora.
f) À medida que as pessoas envelhecem, o interesse sexual muda, mas não acaba. Os homens levam mais tempo para levantar o pau, mas em compensação levam mais tempo para gozar. As mulheres tendem a ficar mais secas por dentro e necessitam de contínuo estímulo para funcionar adequadamente.
Certa vez, depois de uma sessãozinha de sacanagem, o William olhou para a Virginia e pensou: “Acho que vou master o johnson dela”. Pensou e mandou ver. Casaram-se no dia em que ele conseguiu se divorciar: 1972.

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