TESTÍCULOS
– Eu bem que preferiria passar com meus testículos por cima deste
verbete. Seria, porém, muita sacanagem omitir os responsáveis por
todas as sacanagens do mundo.
É isso mesmo, pois nem as moças que pisam duro poderiam praticar a chamada luta aranhal se um dia não houvessem habitado os testículos de alguém.
É isso mesmo, pois nem as moças que pisam duro poderiam praticar a chamada luta aranhal se um dia não houvessem habitado os testículos de alguém.
Gláuber
Rocha, meu amigo e vizinho da rua Francisco Otaviano, costumava dizer
que testículos era aquilo que o Leão de Veneza não tinha. Por isso
mesmo o talentoso e sofrido cineasta berrou um dia, depois de um
festival de cinema, na Piazza San Marco: “Leone senza coglioni”.
Mas
vamos a eles, e espero que os baitolas não se excitem e que as
donzelas mantenham as saias abaixo dos joelhos.
Os
testículos (ou tésticulos, como prefere o deputado Albérico
Pinheiro, do Maranhão) são partes do órgão sexual masculino. Duas
bolas em forma de ovo, com 4 centímetros de comprimento por 4 de
circunferência.
Enquanto
o nego ainda está no bem-bom do útero da mamãe, os testículos
descansam em paz dentro do abdômen.
Um
pouco antes ou um pouco depois do bebê ser despejado pro lado de
fora, os testículos descem para o saco ou para o escroto, nome pelo
qual também são conhecidos muitos jornalistas entregadores de
rapadura.
Quer
dizer: nem todos descem. Dizem que o escritor Phillip Roth, autor de
O Complexo de Portnoy, está procurando um ovo até hoje,
pois, meio cegão, ele teria subido em vez de descer.
Alguns
homens nascem com um testículo só, como, há quem diga, aconteceu
com Hitler. Se com um só ele fudeu tanta gente, imaginem com dois!
Se você for um deles, ou seja, se só tiver um bago, não comece a
Terceira Guerra Mundial.
Até
hoje ninguém deixou de jantar grandes mulheres e ter os filhos que
quisesse por falta de uma bola. Já, se você tiver três, procure um
médico, que o negócio é sério.
Mais
do que servirem para levar muito chute em briga de rua, os testículos
também servem para produzir o hormônio masculino chamado
testoterona. E para produzir esperma, porra!
Até
os doze, treze, quatorze anos, eles só servem mesmo para levar
porrada, pois não produzem nada. A partir daí, porém, trabalham
mais que todas as outras partes do corpo reunidas.
Cada
testículo produz diariamente uma média de 25 milhões de
espermatozóides. Lembre-se disso antes de dar um tiro no seu marido,
minha senhora!
Se
você ainda não produzir esperma e alguém quiser cortar os seus
testículos, esperneie, meu filho, pois você corre o risco de nunca
mais ter uma ereção. Se você já for adolescente, ou seja, tiver
entrado na puberdade, esperneie também, embora o caso não seja tão
grave.
Os
alemães, “muito bonzinhos”, durante a Segunda Guerra Mundial, e
os americanos, durante a guerra do Vietnam, desenvolveram uma bomba
imoral de efeito moral: uma bomba capadora. Nego pisava nela e ela
explodia no meio das pernas levando o escroto, os testículos e, às
vezes, até um pedaço do cheio de varizes.
Negócio
seguinte: metade dos mutilados eunucou e a outra metade, sem que os
médicos possam dar uma explicação, continuou a funcionar
normalmente, sem poder ter filhos, é óbvio.
Para
os meus leitores capados não ficarem tristes, uma boa notícia:
pesquisas levadas a efeito nos Estados Unidos asseguram que um homem
sem os testículos vive mais que os testiculados porque está mais
imune a qualquer tipo de infecção.
O
que os médicos não explicam é por que um sujeito sem testículos
quer continuar vivendo.
Uma
exceção foi o personagem de Hemingway em O Sol Também se
Levanta, vivido por Tyrone Power, que não tinha brincos, mas
brincava com os brincos alheios.
TEODORA
(500-547) – Trepava muito. Mas muito mesmo. E de todos
os jeitos. Além disso, foi imperatriz de Bizâncio e há
historiadores que juram ter sido ela a personalidade política mais
importante do que hoje é a Turquia.
Pouco
se sabia de sua vida antes dela começar a imperar, mas Procópio de
Cesaréia a dedou em sua História Secreta. Segundo ele,
Teodora era a mais jovem das três filhas de um domador de ursos que
se apresentavam em circos mambembes. Ele domava os ursos e as filhas
os espectadores.
Com
quinze anos, Teodora já era conhecida por sua tesão. Procópio fala
de um jantar durante o qual ela teria satisfeito os dez convidados
homens, para espanto das respectivas mulheres. Depois dos dez pedirem
arrego, ela partiu para cima dos trinta criados e não deixou um de
pé.
Imprimia
um espírito de missão ao esporte de dar o molho de sua chávena
para brioches dos mais variados tipos e tamanhos.
Uma
das suas especialidades era deitar no chão e pedir que espalhassem
grãos de cevada em volta do seu clitóris. Em seguida, gansos
treinados tiravam um por um dos grãos com seus bicos. Os orgasmos
vinham em ondas como a vida. Ou como o mar?
Esta
nem as minhas leitorinhas mais safadas conheciam, hein? Mas treinem
os gansos antes de espalharem os grãos senão eles se afogam.
Parágrafo.
Excursionou
por Leste e Oeste por mais de dois anos sempre dando generosamente.
Voltou para Bizâncio e ficou rica em pouco tempo. Claro, pô! Foi lá
que ela conheceu o jovem Constantino, então herdeiro do trono, e
deu-lhe o popular noxó (também conhecido como nó de
xota), que já causou mortes, guerras, revoluções, suicídios e
muito prazer.
Noxó
dado, ele primeiro deu exclusividade a ela e um ano depois se
casaram, apesar da lei que proibia o casamento entre nobres e putas.
Imediatamente ela deixou de ser puta para se transformar numa puta
imperatriz. Era uma espécie de primeiro-ministro do marido.
Seu
primeiro ato foi juntar o mulherio que trabalhava no ramo da entrega
e colocá-las num convento. Lá estas realizaram o primeiro torneio
oficial de luta aranhal.
Constantino
a consultava sobre legislação imperial e seu nome é mencionado em
quase todas as leis do período.
Em
532, o povo se revoltou contra o governo e os ministros aconselharam
Constantino a tirar o time. Teodora, porém, mandou-o ficar e
resistir. Resultado: Belisário, o general, enfrentou os amotinados à
frente dos seus soldados e fez picadinho deles.
Por
outro lado (e aí o outro lado cabe mesmo), ela é lembrada por quem
lê a Enciclopédia Britânica (de onde é que vocês acham que eu
apanho essas informações sinuosas, solertes, melífluas e
fugidias?) como uma das primeiras regentes a defender o direito das
mulheres, a proibir o tráfico de escravas brancas ou pretas e a
criar leis de divórcio que protegessem o sexo frágil.
Quando
passei por Ravena, vindo de Bolonha, em direção a Verona, em
companhia da minha mulher, na época uma grega morena de imensos
olhos castanhos, chamei a atenção dela para o belo retrato em
mosaico da imperatriz na igreja de San Vitale. Ela levou um susto:
Teodora era a cara dela.
Depois
que Teodora morreu, Constantino não fez mais nada que merecesse
registro.
TIBÉRIUS
Cláudio Nero César Augusto (42 a.C.-34 d.C.) –
Imperador romano, tremendo estadista, guerreiro forte e corajoso,
consolidou a instituição do principado e, segundo os cronistas da
época, foi um dos maiores filhos da puta que o mundo já conheceu.
Era
enteado de Augusto, aquele que botou no popô de Marco Antônio,
quando ele decidiu se engraçar por Cleópatra. Os historiadores o
consideravam um filho da puta metaforicamente, embora ele o fosse
literalmente.
Era
filho de Tibério Nero e de Lívia, mulher inteligente e grande
putona que, ao ver que o bom mesmo era Augusto, se divorciou do
marido para casar com ele.
Embora
vivesse agarrado na saia da mãe, Tiberinho não dispensava uma boa
briga e seu padrasto vivia mandando-o para lugares longínquos a fim
de ver se ele morria, pois seus sucessores naturais seriam os filhos
de Agripa.
Morrer,
porém, não estava nos planos de Tibério, que não só recolocou
Tigranes, fiel a Roma, no trono da Armênia, como governou a Galícia
e venceu a guerra dos Alpes na Germânia, Dalmácia e Panônia.
Augusto
deve ter pensado: “Este filho da puta é bom mesmo”. Tanto pensou
que, graças às tramóias de Lívia, o convenceu a se divorciar da
sua mulher e a casar com sua filha Júlia, outra grande putona.
Apesar
disso, não devia confiar muito no genro, pois o mandou para a ilha
de Rodes, onde passou alguns anos.
Augusto,
depois da morte conveniente dos filhos de Agripa, fez de Tibério o
herdeiro dos seus bens pessoais.
Quando
Augusto morreu, o gigantesco Tibério era tão poderoso que o Senado
rogou para que ele aceitasse ser imperador.
Foi
um bom imperador – segundo suas palavras, tosquiava mas não
esfolava suas ovelhas – e acumulou um tesouro de milhões de
sestércios que seus sucessores, os viadinhos sanguinários Calígula
e Nero, acabariam dissipando.
No
ano 27 d.C, o homem que nunca tomou conhecimento de Cristo, embora
ele tenha sido crucificado enquanto ele estava no poder, declarou:
“Ganhei todas as guerras para Roma, consolidei o império que nunca
esteve tão rico e agora vou me retirar para Capri para fazer o que
realmente gosto”.
O
machão gostava de tomar na bunda. Em Capri, mandou construir uma
enorme piscina onde nadavam meninos entre cinco e quinze anos,
treinados para lhes lamber os velhos testículos.
Apesar
de afastado de Roma e da mania de introduzir estranhos objetos no
anel de couro, Tibério governou o império com mão de ferro até o
dia da sua morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário