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terça-feira, agosto 22, 2017

ABC do Fausto Wolff (Parte 74)


VAGINA – Tem gente que tem medo de palavras, o que é uma besteira, pois os dicionários mais sofisticados, como o Webster, por exemplo, já acabaram com a expressão “palavra chula”. Chulo é o dicionarista que escreve chulo.

As palavras não mordem e não matam. Atrás de buceta, caralho, cu, merda, bosta, puta, viado, existem fantasmas que habitam os que têm medo de pronunciá-las.

Tabuzões escondidos em cucas doentes que ajudam a criar muitos taradinhos.
As palavras só se tornam feias quando usadas dentro de uma conotação de insulto.

Ainda assim tem muito canalha que não pode nem dizer rosa, pois, na sua boca, soa mal.
Há, é claro, palavras simpáticas e antipáticas, que mudam de indivíduo para indivíduo.
Eu acho a palavra hemoptise muito bonita, embora esteja associada a uma doença e tenho ânsias de vómito quando alguém usa expressões como “a nível de” ou “espaço cultural”, etc.
Tem gente que implica com vagina. Nos Estados Unidos é pior: é vajáina.
Mas vamos ao verbete: nunca pensei que um dia tivesse que explicar o que é vagina pra ninguém. Mas como explicar vaginismo sem antes explicar o que é vagina?
Trata-se do órgão sexual feminino que recebe o pênis durante a relação sexual e expele o bebê na hora do nascimento. É um tubo de 10 a 15 centímetros que se estica da frente para trás, da vulva até o útero.
A vagina é um negócio extremamente bem bolado, pois, além de autolubrificar-se durante a excitação sexual que precede o coito, o que facilita muito o nosso trabalho, também se auto-limpa através de um ácido láctico que destrói possíveis e indesejáveis germes invasores.

Daí ser muito difícil alguém ser contagiado pelo vírus da AIDS se se limitar a comer a mulher pela frente.
É claro que se a mulher estiver contaminada, tiver uma ferida na vagina e você tiver alguma erupçãozinha no pau que permita a entrada do vírus na corrente sanguínea, então você pode estar fudendo, companheiro, mas certamente acabará fudido.
Volto à vagina: ela é capaz de incrível elasticidade, pois pode agasalhar pênises (outra palavrinha antipática, como urina e sovaco) de qualquer tamanho, bem como permite a passagem de recém-nascidos com cabeções imensos.
Há mulheres que, virgens, temem que sua vagina não será suficientemente grande para relações sexuais sem dor. Bobagem, minhas filhas.
Outras têm medo que a vagina seja larga demais e que não sintam prazer durante a trepada.
Para dizer a verdade, este segundo caso não é bobagem, principalmente se a mulher tiver tido mais de dois filhos e o seu parceiro habitual não for bem servido. Mas há jeito pra tudo.
Se este for o seu caso, minha senhora, faça alguns exercícios.
O mais simples é você imaginar que está segurando um lápis com a vagina durante vários segundos e depois relaxe. Repita este exercício cem, duzentas vezes por dia, e depois escreva para mim contando os resultados.
Vamos ao vaginismo: trata-se de uma frescura feminista que praticamente já não existe nos grandes centros, onde é mais fácil encontrar uma nota de mil cruzados na rua do que uma virgem com mais de dezoito anos.
Chama-se vaginismo o ato da mulher contrair involuntariamente os músculos da vagina, tornando assim a relação, quando não impossível, dolorosa.
Pura ignorância de mães puritanas e mal comidas que transferem este medo para as filhas.
Se sua mulher tiver medo de ter relações sexuais e você for tão convincente quanto um quibe frio, faça o seguinte: leve-a a médico que ele explicará para ela do que se trata.
Em seguida, ele introduzirá tubos de vidro ou plástico na vagina, aumentando gradativamente o tamanho.
Acabará provando que ela poderá agasalhar órgão (não aqueles que Bach e Berthoven tocavam) de qualquer tamanho senza paura e con molto piacere.
Como em muitos casos a mulher pode ter um orgasmo ali mesmo no consultório do médico, é de bom alvitre a presença do marido.
É que tem muito médico sacana que bota a mulher naquela posição de parir, esfrega as mãos e diz: “Vamos ver agora o que é que a baiana tem”.
Ninguém decide ser ginecologista por acaso.

VALDELAMAR, José (1505-1557) – Padrezinho dos mais sacanas. Violentava todas as mulheres que podia e quando não encontrava mulher partia para os garotinhos da paróquia.

Beata que não fosse muito velha, para conseguir absolvição, depois de confessar os pecados tinha que dar pra ele. Se negasse, o patife dava um jeito de todo mundo saber o que ela havia confessado.

Finalmente, foi denunciado, preso e julgado pelo tribunal de Toledo, que o condenou a passar trinta dias no convento e a pagar dois ducados, uma micharia.
Naquela época, padre só ia para a fogueira se fosse suficientemente louco para dizer que a terra era redonda e girava em torno do sol.

Hoje em dia padre só vai preso ou é assassinado se falar a favor da reforma agrária na América Latina.
É interessante que a Igreja que fez do sexo um tabu, nos bastidores sempre praticou as maiores perversões sexuais.

Ainda recentemente, em seu programa na TV Manchete, o costureiro Clodovil confessou que sua primeira relação sexual havia sido com um padre.

VALENTINA D’ANTONGUOLA, Rodolfo Alfonzo Rafaello Pierre Filibert Guglielmi (1895-1926) – A Enciclopédia Britânica afirma que este é o verdadeiro nome de Rodolfo Valentino. Veio de Castellaneta, Itália, para os Estados Unidos em 1913 e antes de se tornar a Marylin Monroe dos anos 20, foi jardineiro, lavador de pratos, dançarino de vaudeville e gigolô.
Embora fosse o protótipo do latin lover e desempenhasse na tela papéis de supermacho, foi manipulado por empresários e agentes durante toda a sua carreira.
Pintou em Hollywood ern 1918 e fez pequenos papéis em filmes sem importância até que foi indicado para interpretar Júlio, em Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, em 1921.
Mitologia e realidade se confundiram em apenas cinco filmes e nunca antes ou depois alguém suscitou tanto fanatismo por parte do público.
Quando morreu num hospital de New York aos trinta e um anos, os jornais especularam: a) teria sido envenenado por conhecida dama da sociedade, cujas atenções ele rejeitara; b) teria sido abatido a tiros por um marido enciumado; c) sempre fora sifilítico e a doença atingira o cérebro.
Mais de 100 mil pessoas compareceram ao seu enterro e até poucos anos atrás uma misteriosa mulher de preto pintava pontualmente no seu túmulo no aniversário da morte: 23 de agosto.
Logo depois da notícia, duas jovens tentaram se matar em frente ao hospital, uma terceira se suicidou em Londres e em Paris, um jovem ascensorista do hotel Ritz foi encontrado morto em sua cama, rodeado de fotos do ator.
Aparentemente, porém, sua vida real era bem diversa da dos heróis que vivia no cinema.
Verdade é que sempre tentou defender a sua fama de machão romântico e chegou a desafiar para um duelo um repórter do Chicago Tribune que pôs em dúvida a sua virilidade, dizendo que ele usava ruge, rímel e batom.
Talvez trepasse em segredo – coisa muito difícil para um cara que tinha a cara mais conhecida do mundo na época e era reconhecido onde quer que aparecesse –, mas eu duvido.
Casou duas vezes: a primeira com Jean Acker, em 1922, e a segunda com Natacha Rambova, em 1925.
As duas eram lésbicas notórias e foram apresentadas a ele por Aila Nazimova, rainha da sapataria hollywoodiana, de quem haviam sido amantes.
Como todo novo-rico sem nada no interior do cérebro, Valentino abusava de anéis, correntes e pulseirinhas de ouro, perfumes fortíssimos, gomalina no cabelo e casacos de vison.
Não dispensava uma desmunhecada aqui e ali e exigiu ser enterrado com a pulseira de escravo, presente da sua segunda mulher, a quem chamava de chefe, a mesma que, ao se divorciar dele, jurou que o casamento jamais se consumara.
Embora vivesse rodeado de lésbicas e homossexuais, é preciso fazer justiça: não apareceu ninguém para dizer que havia comido o rabo do maior amante do mundo.
Pensando bem, uma vidinha de merda. Poderia estar vivo hoje, caso houvesse permanecido na Itália.

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