POMPADOUR,
Jeanne-Antoinette Poisson, Marquesa de (1721 – 1764) –
Carinha bonitinha, peitos durinhos, olhos inocentes,
cabelos penteados para o alto (o penteado depois recebeu o seu nome),
era, entretanto, da pá virada. Entenderam? Ela virava a pá pra
frente, pra trás, pros lados, etc.
Filha
de burgueses ricos, foi educada para casar com um ricaço,
evidentemente. Casou e logo começou a brilhar entre o society
parisiense da época.
Aliás,
foi numa festinha em Versalhes que Luís XV, que até há pouco tempo
era marca de cigaros da Souza Cruz com e sem filtro, virou-se para um
dos seus inúmeros aspones e declarou: “Quero comer aquela
moreninha hoje à noite”. E comeu.
Levou
de cara uma chave de buceta que nunca mais largou a senhora que se
fosse viva hoje estaria decorando nossas colunas sociais ao lado dos
vagabundos do Hipopotamus e outros antros de perdição.
Luís,
que não era de perder tempo, chamou o marido e disse: “Rapaz, esta
mulher não é pro teu bico burguês. Toma esta grana, te divorcia e
te arranca”.
Ele
se arrancou e reclamou tão pouco que até hoje ninguém sabe o seu
nome. Já Jeanne foi promovida a marquesa.
Em
1645, com o consentimento da rainha, ela se instalou no palácio.
Quando ficou mais velha, Luís conseguiu se desvencilhar da chave,
mas não dela.
De
amante passou a provedora. Com a grana do rei andava de carruagem por
toda a França procurando moças proprietárias de belas chávenas
onde sua majestade pudesse molhar seu brioche.
O
rei se encontrava com suas ocasionais amantes num castelo perto de
Paris e fingia ser um nobre polonês. Apenas uma jovem descobriu que
o brioche aristocrata polonês era, em verdade, real e francês. Foi
imediatamente internada num hospício.
Mas
façamos justiça a Jeanne-Antoinette: como algumas senhoras da nossa
melhor sociedade, não era só de putaria que ela manjava.
Foi
matrona das artes e incentivou a construção de muitos projetos,
entre eles o Trianon e a Place de La Concorde. Sem ela talvez a
Enciclopédia nem tivesse sido publicada.
Nada
a ver, naturalmente, com a mulher do falecido presidente Pompidou,
hoje Centro Cultural.
PLATÔNICO,
Amor – Que se trata de uma tara, todo muno sabe. Mas
qual tara? A única jovem que sabia (Maria Joaquina Patonho Lornhão,
natural do Minho) se suicidou após matar o marido (Manoel Benevides
Lornhão) sem revelar o segredo.
Segundo
sua mãe, naquela noite de 1920, após a cerimônia religiosa, sua
filha aproximou-se e confidenciou:
–
Estou nervosa, mamãe. O Manoel acaba de me dizer que é adepto do
amor platônico.
Ao
que a respeitável matrona respondeu:
–
Este eu não conheço, minha filha. De qualquer modo, faz uns
gargarejos com água mineral, lava bem teus tesouros da frente e de
trás e seja lá o que Deus quiser.
Por
outro lado (este aí mesmo, minha senhora), alguns adivinhões
insistem que se trata de amor e afeição profundos entre duas
pessoas sem envolvimento sexual. Vocês acreditam?
Platão
(428-347 a.C), popular escrivão oficial das aulas que Sócrates dava
nas saunas gregas, seria chegado a este tipo de amor.
Não
acredito que um homem sério como Platão, que costumava dizer que
não havia lugar para um homem de caráter entre políticos, pudesse
defender uma bobagem dessas.
Por
outro lado (não, não este aí, aquele ali entre o Arnaldo Nisquier
e o Guilherme Merchior), o homem foi o fundador da Academia.
PORNOGRAFIA
– Como acontece com a estética, o conceito de pornografia é
extremamente subjetivo. No mundo ocidental concordou-se nas últimas
décadas que pornografia seria a representação do comportamento
erótico em livros, fotografias, filmes, peças de teatro, publicados
e exibidos com o propósito de causar excitação sexual.
Situação
altamente discutível na qual não há quem não tenha se encontrado
uma ou outra vez na vida.
Lembram
do moço que só conseguia gozar tendo entre ele e a mulher um
pinheirinho de Natal todo decorado? O pinheiro de Natal seria
pornográfico?
Ora,
se o sexo é a mola que move a humanidade, como pretendia Freud
corretamente, então a excitação é a mola que move o sexo.
Já
a obscenidade, convencionou-se que é tudo que ofende outra
convenção, ou seja, a moral pública.
É
aquela velha história: a foto de um homem e uma mulher ou de um
homem e duas mulheres ou de uma verdadeira bacanal, cujo propósito
único é causar excitação sexual, é pornográfica?
E
a propaganda televisiva de uma jovem seminua com uma enorme mangueira
encostada no rostinho, cantando as vantagens de determinada marca de
gasolina, não é mais pornográfica?
Mais
pornográfica ainda não é a foto de uma senhora da nossa sociedade
publicada na primeira página de O Globo, dizendo que o melhor
drinque para o verão é vinho do porto, ao lado de uma manchete
informando que quem ganhar mais de dois salários-mínimos (menos de
60 dólares) pagará imposto de renda? Isso num país onde vivem mais
de 70 milhões de pessoas em estado de miséria absoluta!
Depois
que acabaram com as leis calhordas contra a pornografia (a honesta, a
que é só pornográfica), ela diminuiu.
Outro
dia fui a um cinema em Botafogo, no Rio, ver um filme de sacanagem e
ele estava às moscas. Moscas, aliás, pouco exigentes, pois o filme
era uma bosta.
No
cinema ao lado exibiam um filme de terror com baldes de sangue e ele
estava lotado.
Infelizmente,
o que é realmente obsceno parece não chocar os nossos moralistas.
Caso contrário, não teríamos milhões de crianças abandonadas
dormindo sob as marquises de todas as cidades do país. Oitava
economia do mundo no bolso de umas oito famílias!
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