Por Luis Fernando Verissimo
Depois do ataque ao World Trade Center, discute-se muito no
Congresso, na imprensa e nos tribunais americanos os limites do permitido na
busca da informação antiterror.
O presidente Bush foi reticente ao tratar do assunto no seu
governo.
Sob Bush, os suspeitos de terrorismo eram interrogados em
países amigos sem muitos escrúpulos quanto aos seus métodos. Era a tortura
terceirizada.
Trump pelo menos não é hipócrita. Autorizou a tortura em
solo americano, sem disfarces.
Torturar pela mão dos outros não era exatamente uma prática
nova para os Estados Unidos. Tivemos uma prova disso num passado nem tão
remoto.
Na School of the Americas, mantida pelos americanos,
policiais e militares latino-americanos iam aprender métodos de interrogatório
e contrainsurgência para combater o comunismo no continente.
A Escola das Américas chegou a ser chamada ironicamente de
braço armado da Escola de Chicago, produzindo técnicos em repressão para
garantir os teóricos do neoliberalismo que saíam do Departamento de Economia da
universidade onde Milton Friedman era a estrela para nos catequizar.
É bom lembrar, nestes tempos de entusiasmo renovado pelo
fascismo e de reacionarismo ostensivo e festejado, no que deu tudo aquilo.
Coisas como a Operação Bandeirantes, a aliança de
empresários paulistas com policiais e militares na caça, literalmente, à
esquerda, que deixou mortos e mutilados por toda parte — menos, aparentemente,
na consciência dos responsáveis ou, presumivelmente, no livro de realizações
dos formandos da Escola das Américas.
Que continua no mesmo lugar, Fort
Benning, no estado da Geórgia, agora com o nome mais específico de Instituto de
Cooperação para a Segurança do Hemisfério Ocidental. Não se sabe se o currículo
ainda é o mesmo.
Nossa imprensa investigativa bem que poderia investigar a
influência dos irmãos Koch, multimilionários americanos que gastam seus milhões
promovendo uma agenda ultraconservadora, na chamada nova direita brasileira.
Detalhes sobre a possível intervenção dos irmãos no
movimento não estão mais longe do que o Google mais próximo.
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