OBSCENIDADE
– Para mim obsceno é dono de
supermercado, que paga salário mínimo para as caixas, explicar na
televisão por que precisa aumentar o preço dos gêneros de primeira
necessidade. Mas a definição mais razoável, embora longe de ser
exata, é a seguinte: tudo aquilo que é ofensivo à decência e
capaz de corromper pessoas que entrem em contato com a matéria quer
lendo, vendo ou ouvindo.
Troço
tão hipócrita que O Poço da Solidão, clássico do
lesbianismo de Radcliff Hall, foi proibido por causa da frase “E
aquela noite elas não se separaram”.
Em
1933, pela primeira vez desde o princípio da era industrial, o juiz
norte-americano Augustus Hand acabou com esta bobagem de julgar
frases fora do seu contexto e disse: “Maníaco sexual é quem tem
paciência de procurar obscenidades em Ulysses, gigantesca
obra de Joyce”.
O
célebre professor Samuel Johnson (1709-1784), logo após a
publicação do seu Dicionário da Língua Inglesa, teve que
ouvir de duas velhas: “Como foi que o senhor pôde publicar tantos
palavrões?” E ele: “Como foi que as senhoras foram correndo
procurá-los?”
Em
verdade eu vos digo, leitores, não tem nada mais sujo que a cabeça
de um puritano.
Pessoalmente,
como vocês estão carecas de saber, sou favorável à pornografia ao
alcance do povo, privilégio até alguns anos atrás acessível
somente à classe dominante.
Nego
compra uma revista dessas que tem aos montes em qualquer banca, bate
uma punheta num W.C. qualquer e não pensa mais em matar o presidente
da UDR, por exemplo.
Cedo,
porém, o povão não vai ter mais grana pra comprar revistas de
sacanagem: fome de comida, bebida e sexo, terá que explodir de algum
modo lá pela avenida Vieira Souto, de preferência.
Se
sacanagem transformasse alguém em tarado, aquela dona Solange que
foi presidente da Censura Federal estaria maluquinha, pois passou
anos vendo pornochanchadas nacionais e estrangeiras...
Mas
agora, falando sério: é óbvio que muito malucão lê literatura
pornográfica, mas muita senhora do society também lê, e
como! Apesar disso, o único crime que essas damas cometeram até
agora foi não aumentar o salário dos seus serviçais.
E
os maníacos sexuais? Terão sido os livros, filmes, revistinhas de
sacanagem que os piraram?
Os
americanos realizaram uma pesquisa para saber quais os livros que o
público considerava sexualmente excitantes.
Uma
senhora teria respondido: A Ascensão da República
Holandesa, troço que também não entendi, pois a Holanda ainda
é uma monarquia.
Nego
ou nega a perigo se assanha até lendo catálogo telefônico.
O
Dr. Murilo Pereira Gomes, que foi um dos melhores psiquiatras deste
país (morreu, naturalmente), me contou que uma vez mostrou a um
paciente as fotos de um Volkswagen, de uma manicure, de uma bandeira
do Brasil e de um prato de tomates em rápida sucessão e pediu-lhe
que lhe dissesse o que elas sugeriam. O paciente não teve dúvidas:
“Sexo, sexo, sexo, sexo”.
Quando
Murilo sugeriu delicadamente que ele estava obcecado com sexo, o cara
quis virar a mesa:
–
Então o senhor me mostra essas fotos de sacanagem e eu é que sou
tarado?...
ONANISMO
– Onan não era onanista, mas esta
bobagem pegou. Personagem bíblico, ele teria nascido uns 1.700 anos
a.C. Mal havia completado vinte anos e seu pai, Judah, o obrigou a
casar com Tamar, mulher do seu falecido irmão Er.
Esta porra de Onan, Judah, Tamar e Er está parecendo palavra cruzada.
Mas voltando ao boi quente: como Er não tivera filhos com Tamar, Onan teria que fazer filhos nela.
Eles, porém, seriam considerados filhos de Er e receberiam o seu patrimônio.
Esta porra de Onan, Judah, Tamar e Er está parecendo palavra cruzada.
Mas voltando ao boi quente: como Er não tivera filhos com Tamar, Onan teria que fazer filhos nela.
Eles, porém, seriam considerados filhos de Er e receberiam o seu patrimônio.
Eu também não entendi bem a história,
mas parece que Onan estava gastando a grana de Er e se tivesse filhos
com a viúva dele, esta grana passaria para eles. Pode não ser
verdade, mas faz sentido.
Verdade
é que todas as noites Onan comia Tamar, que era boa pacas, mas na
hora de gozar tirava o paranaguá da caravalha e gozava no chão.
Isso, qualquer idiota sabe, não é masturbação, mas coitus
interruptus.
Apesar disso até hoje os masturbadores (a
humanidade inteira, com exceção de uns poucos maníacos sexuais)
são considerados membros do fã-clube de Onan.
Onanismo
virou masturbação e masturbação é qualquer forma de
auto-estímulo com o objetivo de atingir o orgasmo.
Durante
séculos se acreditou que punheta causava cegueira, loucura,
impotência e outros males. Posso garantir a vocês que isto é uma
mentira: William Shakespeare, Marilyn Monroe, Coufúcio, Jaguar,
Homero, Mercedes Benz, Napoleão, Ziraldo, a rainha Vitória e aquela
moça que está passando agora eram e são chegados a uma bronha.
O
máximo que aconteceu com eles foi verem nascer pêlos nas palmas das
mãos. Digo mãos porque tem muito malandro que também vai de
canhota.
O
que tem de cafumango que vive trancado no dejetório botando os cinco
a lutar contra um, não está na revista Letras em Marcha.
Gostam
tanto do esporte que chegam a ponto de apresentar a mão direita lá
deles como “minha patroa” e esporadicamente a esquerda como “a
filial”.
Sobre
este diálogo manual ainda escreverei uma peça de teatro em cujo
final a mão direita, irritada com as traições do marido, acaba por
cortar a esquerda. Desesperado com a morte da amante, o marido pede a
um amigo que lhe decepe a mão direita, ou seja, que mate a esposa.
Finalmente, ele, de acordo com a origem semântica da palavra, pode
bater uma punheta (de punhos) sem ser aporrinhado pelas mãos.
Mas
agora falando sério: deixem seus filhos se masturbarem que não faz
mal algum, pelo contrário. Segundo Kinsey (ver verbete) há crianças
que se masturbam já aos cinco, seis meses de idade. Aliás, o leitor
que não sabe como socar uma bronha não deveria estar lendo o meu
ABC.
Mas
talvez os marmanjos devessem saber que a mulher atinge o orgasmo
estimulando a área ao redor do clitóris, pois este, na maioria das
vezes, é tão sensível que um contato direto e contínuo com o dedo
pode causar mais irritação que prazer. Não vai à la louca,
portanto, ô bucéfalo!
Dizem
que as mulheres se masturbam menos que os homens. Chute puro! E que
muitas não consideram autogratificação o chuveirinho do bidê, o
travesseiro entre as pernas, o esfregar uma coxa contra a outra.
Já
homem, tem muito principiante que não gosta da punheta tradicional e
enfia o pau em gargalo de garrafa. Troço burro e perigoso, pois pode
parar a circulação do sangue.
Melhor
e mais seguro é fazer um buraco num melão, numa melancia, num quilo
de fígado (pra quem é rico), num mamão, sempre que haver
mamão-fêmea.
Existem
uns caras bem-dotados ou contorcionistas que conseguem
autofelaciar-se. Não acredito que o trabalho compense.
Conheci
muitas mulheres que se consideravam frias até conhecerem o orgasmo
através do noivo.
Do
noivo de matéria-plástica, com baterias por dentro, chamado
Vibrador da Silva, é supérfluo esclarecer.
ONASSIS,
Aristóteles (1906-1975) –
Do filósofo só tinha o primeiro nome. Nunca se interessou,
realmente, pelas letras. Conhecia algumas óperas e isto apenas
porque durante muitos anos comeu a famosa soprano, grega como ele,
Maria Callas. Em verdade, preferia os números, aqueles que aparecem
nas notas de dólar.
Um
dos seus biógrafos – biografia escrita
quando o armador ainda vivia – disse que
ele era bonito quando rapaz. Chute: sempre foi baixinho, gordo e meio
vesgo.
Outro
chute: teria nascido pobre. Conversa fiada, seu pai era um próspero
negociante grego em Esmirnia, na Turquia. Negociava com cigarros.
Em
1922, porém, os turcos acharam que havia muitos gregos em seu país
e expulsaram entre outros a família de Onassis.
Foi
assim que ele deu com seu 1,55m de altura em Buenos Aires, onde deve
ter pensado: “Tenho um pau grande e muito tesão, mas com esta cara
não vou muito longe”.
Roubou
pacas e com vinte e cinco anos já era um milionário, graças aos
seus investimentos, principalmente em petroleiros.
Dizem,
mas não provam, que comeu sua professora de francês, quando ainda
adolescente. Provavelmente seu pai tratou de pagar a francesinha para
iniciar o filho nas artes fodais.
Com
muita grana no bolso acabou em New York nos anos 40, ocasião em que
fudeu tudo que tinha saia, livrando apenas a cara de padres e
escoceses.
Mas
fudeu, principalmente, sua amante de 1,85m, a louríssima Ingeborg
Dedichen, jantar para mais de cem talheres, como diria o Sergio
Porto.
Com
Ingeborg fez de tudo, chupava-lhe os dedos dos pés, aplicava-lhes
surras incríveis e um dia chegou a peidar na sua cara enquanto ela
examinava o seu rabo para ver se ele tinha hemorróidas.
Como
sempre teve um amor puro e desinteressado por dinheiro, se casou aos
quarenta anos com uma menina de dezessete mas... atenção para o
detalhe: ela era Tina, filha de Livanos, juntamente com Onassis, o
maior armador do mundo na época.
Juntaram
a grana, fez dois filhos em Tina: Alexandre e Cristina, mas nem por
isso deixou a cama da Callas.
Em
65 se divorciou da mulher e casou em 68 com nada menos que
Jacqueline, a viúva de John Kennedy.
Como
já disse no verbete referente ao ex-presidente americano, Jackie
tinha orgasmos quando via grana, e grana era coisa que Onassis tinha
demais.
Ainda assim ela se precaveu: fez um contrato pré nupcial com o armador que incluía mais de cem itens, entre os quais 1 milhão de dólares mensais para pequenas despesas, quartos separados e nenhuma obrigação de engravidar.
Ainda assim ela se precaveu: fez um contrato pré nupcial com o armador que incluía mais de cem itens, entre os quais 1 milhão de dólares mensais para pequenas despesas, quartos separados e nenhuma obrigação de engravidar.
Sempre
que queria fuder com Jackie, ela dizia: “Estou com dor de cabeça,
Ari”.
Cedo
ele encheu o saco e chegou a pensar em se divorciar, mas os deuses já
tinham decidido que ele havia fudido o suficiente e o carregaram para
o inferno onde seu dinheiro não lhe valeu de nada.
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