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quinta-feira, julho 27, 2017

ABC do Fausto Wolff (Parte 21)


EWEN III (845-901) – Já houve uma época em que os reis eram reis por serem os mais inteligentes, os mais corajosos e os mais fortes. Eram respeitados pelo povo, pois estavam à frente dos soldados nos campos de batalha. Nos últimos quinhentos anos, general só morre em guerra por excesso de álcool. Rei, então, nem falar.
Posteriormente inventaram que eram monarcas por graça divina, mas, por via das dúvidas, mantinham-se protegidos por fortes exércitos.
O rei escocês Ewen III era inteligente, forte, corajoso, e, principalmente, sacana. 
Como não havia um escocês que não se mijasse de medo dele, por volta de 875 ele instituiu “o direito da primeira noite”, o que em síntese é o seguinte: um dos seus súditos queria casar com uma súdita, apresentava-a ao rei e se ele a achasse o suficientemente apurada para o seu paladar, a comia (eufemisticamente, é claro) na noite do dia do casamento. 
Só depois o súdito recebia de volta a mulher, geralmente com comentários do rei: “Muito pentelhuda mas boa de rabo”, por exemplo.
Este esporte iniciado pelo bom Ewen foi logo praticado por todos os reis europeus e até mesmo por alguns barõesinhos de merda, até o princípio da Idade Média. 
Nota importante: ir para a cama com uma virgem dava ao rei a certeza de que não pegaria uma gonorréia real.

EXIBICIONISMO – Não confundir com exposição indecente, que é, por exemplo, um ministro da Fazenda explicar na televisão por que não passa de mera ilusão a impressão que temos de que estamos todos os dias gastando mais para comer menos.
São chegadas a um exibicionismo desde a mocinha que tira a roupa em frente à janela aberta, passa pelas strip-teasers e vai até os caras que, profissional ou amadoristicamente, adoram ser vistos nus ou trepando.
Segundo o escritor carcamericano Gay Talese (um especialista no assunto), a principal motivação dos casais que fazem sexo grupal não é a foda em si, mas a oportunidade de se exibirem pelados diante de outras pessoas.
E o que tem de exibicionistas, irmãos! Há mais donas-de-casa na Escandinávia, Alemanha, Holanda, Inglaterra, França, Itália, Espanha, Portugal loucas para serem fotografadas nuas ou posando aos beijos com cachorros, porcos e cavalos que fotógrafos para fotografá-las.
Atrizes de filmes pornográficos como Linda Lovelace (ganhou muito dinheiro dando aulas para mulheres de executivos ensinando como podiam engolir 25 centímetros de piroca), Georgina Spelvin, Seka e outras declararam muitas vezes que só conseguem gozar diante de uma câmera.
Além de José Sarney, Antônio Carlos Magalhães, João Figueiredo, Newton Cruz, Ulysses Guimarães, Ronaldo Caiado, Amaral Netto e outros menos votados falando na televisão, também é expositor indecente (nada a ver com exibicionismo puro e simples) o marmanjo que fica pelado com a intenção de insultar uma mulher.
Engraçado: a mulher ficar pelada com a intenção de insultar um homem não é considerado contravenção, mesmo porque até agora ninguém foi se queixar disso à polícia.
É claro que para o expositor indecente ir em cana é necessário que a parte ofendida, no caso a mulher para quem o taradão mostrou os documentos, prove que o cara tinha intenção de ofendê-la. Caso contrário, qualquer sujeito que esquecesse a janela do quarto aberta podia ser preso.
Também não é considerada exposição indecente o chamado membro viril em estado vítreo desde que coberto por calças ou calções. Cueca não vale. Se jeba dura à vista (mas coberta) fosse crime, metade dos frequentadores de Copacabana, Ipanema e Leblon estariam apanhando sol no pátio da penitenciária Lemos de Brito.
O clássico expositor indecente, segundo Leon Radnizowiks em sua pesquisa sobre ofensas sexuais, tem entre vinte e cinco e cinquenta anos, é casado, bom pai de família, classe média e dono de uma bimbinha de proporções ridículas.
Ao contrário do que muita gente pensa, ele não se excita com a ofensa que pratica, mas com a vergonha e a culpa que sente ao praticá-la.
Depois de exibir a pecinha em público, ele foge do local e se tranca num quarto onde ataca de cinco contra um, se é que me entendem.
De um modo geral o expositor indecente é um cara que tem medo de ser broxa e que, caminhando pela rua, surpreende uma ereção espontânea. Sente, então, a necessidade de mostrar a miniatura para o distinto público.
Como geralmente atacam na mesma área (parques, de tardinha), é fácil para a polícia patolá-los. Tão fácil que mais da metade da população carcerária condenada por delitos sexuais na Inglaterra e nos Estados Unidos é composta de expositores. Eles podem ser chatos, mas são os mais inofensivos dos tarados.

FALLOPIO, Gabriello (1523-1562) – Tem muito sujeito que acha que manja de buceta ou de vagina, como prefere o pessoal do Tijuca Tênis Club, pois é mais fino. Manjam nada. O pinta que mais manjou deste assunto no mundo foi o velho Fallopio. Tem muito nego que manja do lado de fora. Mas, e do lado de dentro? A mulher tem uma decoração interna das mais complicadas.
Pois o Fallopio, que foi, provavelmente, o mais importante professor de anatomia do século XVI, foi quem descobriu e deu nome às coisas. Ele não só descobriu os tubos que ligam os ovários ao útero (hoje conhecidos como tubos de Falópio, seus idiotas!), como ainda batizou a vagina de vagina, a placenta de placenta e o clitóris de clitóris.
Reitor da universidade de Pádua, de lambuja foi o grande especialista em ouvidos, manjava de botânica (sei do cacófato) como ninguém mesmo e – last but not least – foi o inventor da camisa-de-vênus.
Uma camisona bem grosseira, que parecia mais uma bainha de faca, mas que, em compensação, era impermeável. Salvou muitas vidas durante a primeira epidemia de sífilis.
Sobre este preservativo pioneiro mme. de Sevigné, que era chegada ao esporte, declarou: “Bom para combater infecções; péssimo para fazer amor”.
Uma quarta parte da humanidade está viva hoje graças ao Fallopio e uma outra quarta graças ao velho Alexander Flemming (1881-1955), inventor da penicilina. 
Apesar disso ainda não encontrei ninguém chamado Falópio da Silva.
Gabriel, muitos, mas em homenagem ao anjo que, suspeito, nunca existiu.

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