Frei Fulgêncio depositou os olhos na leitoa defunta, corada e mordendo duas azeitonas.
Nos frangos, assado um, ensopado o outro.
No empadão de galinha caipira.
E correu-lhe na espinha profunda o arrepio dos iluminados e a fé fortaleceu-se.
Mal agradeceu ao Senhor – pelo tempo da persignação, jamais pelo teor religioso –, cravou o guardanapo na gola da batina e meteu boca à obra.
Nisso, o padre local detonou:
– Mas frei Fulgêncio... Estamos na Quaresma e hoje é sexta-feira. Vossa Eminência vai comer carne?!
O pastor de almas levantou-se, fez as mãos postas, concentrou-se numa surda oração em latim, traçou no ar a figura de uma cruz sobre a leitoa e demais companheiros de feliz infortúnio e declarou:
– Te batizo jaraqui, tambaqui e matrinchã!
Não deixou migalha.
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