Neguinho da Beija-Flor veio se apresentar em Manaus a convite da escola de samba Vitória Régia.
O cantor havia conquistado o público brasileiro com seu grito de guerra no início do desfile:
– Olha a Beija-Flor aí, geeeente! Chora, cavaco!...
O solo do cavaquinho durava uns três minutos. Só então é que ele começava a cantar o samba-enredo propriamente dito.
Como a Vitória Régia ainda não tinha quadra, o fuzuê rolou no campo de futebol existente na pracinha da Igreja de Nossa Senhora de Fátima.
Pra completar, poucas escolas de samba de Manaus utilizavam cavaquinistas.
E a Vitória Régia não era uma delas.
Bateria perfilada, todo mundo prendendo a respiração, Neguinho da Beija-Flor sobe no palco, pega o microfone, e seu grito de guerra ecoa cristalino no silêncio supulcral da Praça 14 de Janeiro:
– Olha a Vitória Régia aí, geeeeente! Chora, cavaco!
O solo marcial de um repique tocado pelo Mestre Demir, responsável pela bateria da verde e rosa, ecoou no pedaço.
Foi uma gargalhada geral.
– Cadê o cavaco, cadê o cavaco? – perguntava aflito Neguinho da Beija-Flor.
E Mestrir Demir lá, concentrado, fazendo o seu repique soar como substituto do cavaquinho.
Não deu outra: o mestre de bateria da verde e rosa virou “Demir Chora Cavaco”.
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