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quarta-feira, setembro 08, 2010

Causos de Bambas - Neguinho da Beija-Flor

Neguinho da Beija-Flor veio se apresentar em Manaus a convite da escola de samba Vitória Régia.

O cantor havia conquistado o público brasileiro com seu grito de guerra no início do desfile:

– Olha a Beija-Flor aí, geeeente! Chora, cavaco!...

O solo do cavaquinho durava uns três minutos. Só então é que ele começava a cantar o samba-enredo propriamente dito.

Como a Vitória Régia ainda não tinha quadra, o fuzuê rolou no campo de futebol existente na pracinha da Igreja de Nossa Senhora de Fátima.

Pra completar, poucas escolas de samba de Manaus utilizavam cavaquinistas.

E a Vitória Régia não era uma delas.

Bateria perfilada, todo mundo prendendo a respiração, Neguinho da Beija-Flor sobe no palco, pega o microfone, e seu grito de guerra ecoa cristalino no silêncio supulcral da Praça 14 de Janeiro:

– Olha a Vitória Régia aí, geeeeente! Chora, cavaco!

O solo marcial de um repique tocado pelo Mestre Demir, responsável pela bateria da verde e rosa, ecoou no pedaço.

Foi uma gargalhada geral.

– Cadê o cavaco, cadê o cavaco? – perguntava aflito Neguinho da Beija-Flor.

E Mestrir Demir lá, concentrado, fazendo o seu repique soar como substituto do cavaquinho.

Não deu outra: o mestre de bateria da verde e rosa virou “Demir Chora Cavaco”.

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