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quarta-feira, julho 19, 2017

ABC do Fausto Wolff (Parte 1)



ABDUL, Aziz Ibn-Saud (1880-1953) – No mínimo bizarro este rei. Durante o século XIX as famílias Saud e Rashid lutaram pelo poder do que vem a ser hoje a Arábia Saudita.
Logo após o nascimento de Abdul, os Rashids deram um pé na bunda da família dele e ele foi curtir as areias escaldantes do anonimato no Kuwait.
Aos vinte anos, magrão, com 1,93m de altura, armou um exército e retomou o país que, modestamente, batizou de Arábia Saudita, ou seja, a arábia dos Sauds.
Em seguida descobriu que o petróleo era bom, mas que explorá-lo podia atrapalhar o esporte que ele, realmente, gostava de praticar: fuder com “u” mesmo, revisor!
Por isso em 1933 ele abriu as portas para os investidores ocidentais na base de 50%.
Como não era comunista (“esses sacanas gostam de dormir com as próprias mães, irmãs e filhas”), preferiu acreditar que o petróleo sob as areias do seu país era seu.
Agindo de consequência, não construiu escolas (“tudo que o povo precisa aprender está no Corão”) e nem hospitais (“para que, se não temos médicos?”), mas, em compensação, comprou quinhentos automóveis de luxo, entre eles um Rolls-Royce que havia pertencido a Winston Churchill que, segundo Roger Vadim, um dia tentou comer sua então mulher Brigitte Bardot.
Abdul era extremamente religioso, não bebia e não fumava.
Ver televisão, então, nem pensar!
Também não tinha tempo para esse passatempo para empregadas domésticas e madames brasileiras.
Fiel aos ensinamentos de Maomé, nunca teve mais que quatro esposas ao mesmo tempo.
As trocava, entretanto, com muita frequência: bastava que ele gritasse três vezes “divorcio-me de vós” para abrir uma vaga no seu harém.
Às vezes não gostava das mulheres escolhidas por seus olheiros mulherais e se divorciava delas depois de ver seus rostos.
Teve 200 esposas, 44 filhos legítimos e mais de 65 filhas.
Como a lei islâmica não deixa as mulheres totalmente na pior – elas devem participar eventualmente da glória de serem mulheres do monarca –, Abdul praticamente não tinha tempo para outra coisa além de fazer a ronda das alcovas.
Nunca precisou se preocupar com grana.
Ao morrer, aos setenta e três anos, pouco depois de descobrir que havia ficado estéril, sua renda mensal era de 10 milhões de dólares.
Seus súditos, porém, ganhavam pouco mais que três salários mínimos brasileiros por mês, uma miséria!

ABELARD, Pierre (1079-1142) – Unia o (para ele) útil ao agradável e (para os demais marmanjos) o inútil ao desagradável: além de ser um cara bonito, era extremamente inteligente.
Ora, num mundo dominado pelos homens ricos, essas qualidades se chocam.
Ou bem o sujeito é bonito e burro ou feio e inteligente.
Abelard deu o azar de ser bonito e inteligente. Se deu mal.
Francês, filósofo e teólogo, comia suas mulherinhas na maior moita quando aos trinta e sete anos se apaixonou por uma aluna chamada Heloísa, dona de um par de coxas e de uma bunda dessas que provam definitivamente o bom gosto de Deus, se é que ele existe.
Chato é que a jovem Heloísa tinha um tio que era uma fera que não estava interessado em ver sua sobrinha ser conhecida biblicamente em vez de conhecer a bíblia, como estava nos seus planos ao matriculá-la na escola-catedral de Notre Dame.
O tio, um tal de Canon Fulbert, deu mil palas ao Abelard pra que largasse a gata.
Em vez disso ele fugiu com ela pra Inglaterra e aproveitou para fazer um filho nela.
Enquanto os dois estavam fuque- fuque-fuque na loura Albion, o vilão Fulbert punha sua cabeça a funcionar a serviço do mal.
E quando o poder econômico está a fim de te enrabar, meu irmão, te prepara porque cedo ou tarde a marmota aparece.
No caso presente, o tio Fulbert, que devia se amarrar na sobrinha, mandou cortar o piu-piu do Abelard que se retirou para um monastério e acabou sendo excomungado por suas teorias heréticas.
Também, pudera!
Terminou seus dias tentando ser eremita, troço difícil, pois vivia cercado de discípulos-tietes que queriam saber sobre Paracelso e outros menos votados.
Heloísa morreu num convento e foi enterrada ao lado do marido uma vez que o tio Fulbert já havia ido para o inferno e Abelard, além de não ter mais pau, estava morto.
Quem tiver oportunidade procure ler a correspondência de Abelard e Heloísa que serviu de base para uma peça de teatro que Flávio Rangel dirigiu há quase vinte anos.
Em algumas cartas, Abelard deixa bem claro que coitoanalava Heloísa.
Popó dos mais perigosos da Idade Média, podeis crer.

ADÃO E EVA – Dupla complicada e difícil de acreditar. De acordo com a bíblia dos judeus e, posteriormente, dos cristãos, trata-se do casal original, pais de nós todos.
Só que Adão (Adham) é apenas uma das inúmeras palavras usadas para designar homem, geralmente, no coletivo, ou seja, espécie humana.
Já Eva (Hawma) está associada à palavra hebraica hayyim, que quer dizer vida.
Vai ver nem Adão se chamava Adão e nem Eva se chamava Eva.
No primeiro capítulo do Gênesis, não há nada que sugira a criação de um casal.
Só no capítulo III é que se relata a criação de um homem, feito do barro da terra.
Em seguida são criados os animais, que recebem, cada um, um nome dado pelo homem.
Só depois de todos os animais receberem nomes é que Deus teria criado a mulher.
De todo o Gênesis esta ordem me parece a única coisa lógica.
Já imaginaram se Eva tivesse sido criada antes dos animais? Como o Adão poderia batizar os bichos em paz?
Entre as coisas que me intrigam na História da Criação está a do batismo do chato, aquele bichinho que vive entre os pentelhos.
Adão terá dado o nome a ele antes ou depois de transar com Eva?
Outro troço: em nenhum lugar do Gênesis se fala em maçã.
Se fala em fruta proibida, que poderia ter sido uma maçã, sim, mas poderia também ter sido uma jaca, uma pitanga ou uma melancia.
Depois de serem tentados pela serpente e comerem do fruto proibido, Adão e Eva teriam sido expulsos do Paraíso.
Mais dúvidas cruéis:
1) “Meu Deus, respeito o senhor, mas não a sua obra. Que paraíso é este que tem cobra?” (Millôr Fernandes);
2) Se era para Adão não transar com Eva, por que o Criador botou um pau nele e uma buceta nela?
Ainda segundo o Gênesis e John Steinbeck, os dois foram para o leste do Éden, onde tiveram uma pá de filhos, entre eles, Abel, Caim e Seth.
Caim se sabe que matou Abel e depois constituiu família.
De Seth não se sabe nada e dos demais irmãos muito menos.
Aparentemente, o incesto não era pecado naquela época.
Pelo menos Deus não o havia proibido, o que nos leva a crer que Caim comeu a mãe ou uma eventual irmã.
Se Édipo, em vez de acreditar em Zeus, acreditasse em Deus, talvez não tivesse arrancado os olhos depois de comer Jocasta.
Mas isto é outra história.
Não se sabe se Adão e Eva eram brancos, pretos, amarelos ou mulatos-sararás.

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