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segunda-feira, julho 24, 2017

ABC do Fausto Wolff (Parte 12)


COPROLAGNIA – Coisa de porcalhão ou porcalhona. Tara de gente de que se excita com sujeira, feridas abertas, tumores e um bom furúnculo de sobremesa. Às vezes eu me pergunto se esses puritanos babacas, que vêem uma mulher nua e dizem que é coisa suja, não são, em verdade, coprolagnistas, todos eles.
Desde que o mundo é mundo que existem neguinhos com a cuquinha torta que gostam de brincar com merda, mijo, vômito, etc.
E já houve época em que esses tarados e taradas eram considerados pessoas extremamente piedosas que se comoviam ao ver a miséria, a dor, o sofrimento.
Algumas chegaram a ser santificadas, como Santa Margarida Maria Alacoque, uma freira do século XVII, cuja especialidade era limpar o vômito dos doentes... com a língua.
Inocentemente ela escreveu em seu diário, depois de usar a língua como trapo de chão: “Senti um prazer tão indescritível, que desejei fazer a mesma coisa todos os dias”.
Os leprosos – dizem as boas línguas – chegavam a correr quando viam São João da Cruz se aproximar: “Lá vem aquele maluco pedir para lamber as chagas da gente!”

CORTESÃ – Amante de alta classe ou prostituta de luxo, geralmente associada com a corte ou, pelo menos, com os javalis da alta sociedade. Na Grécia antiga, as cortesãs eram festejadas como estrelas de cinema hoje em dia e muitas estátuas foram erguidas em homenagem a elas que, afinal, eram experts em erguer outros troços.
Havia mesmo quem publicasse – na Pérsia, na Síria, no Egito, na Grécia, na antiga Roma – cartilhas ensinando o beabá da arte alpina para moças que quisessem fazer carreira horizontal. (Falar em carreira, lembrei de cocaína e lembrei que não incluí o pó na letra “c”. Dá para escrever um livro. Talvez a inclua na letra “p”, se estiver com saco.)
No manual elas podiam ler instruções como esta: “Mantenha o ciúme dele aceso permanentemente” ou “Deixe-o ver as marcas e chupões nos seios e no pescoço, nem que você mesma tenha que mostrá-los”.
Frinéia, a mais famosa das cortesãs gregas, possuía um corpo tão monumental que uma vez, durante um caso na corte que ia indo muito mal para ela, seu advogado apelou para o sensacionalismo: puxou a túnica que a cobria e revelou seu corpaço aos juízes. A moça (não tão moça, naturalmente) foi absolvida na hora.
Ganatéia, de Atenas, era conhecida por suas tiradas brilhantes. Um dia, ao ganhar de presente uma garrafa de vinho de dezesseis anos, exclamou: “Bem pequeno para a idade que tem”.
A vovó Mae West, ex-cortesã de Hollywood, que já foi boa pacas, deu uma dessas uma vez num baile durante os roaring twenties.
Estava dançando agarradinha com um cara, quando de repente perguntou pra ele: “Você está com um revólver no bolso ou devo considerar isso uma declaração de amor?”
Pois é, depois, nos anos 60, inventaram essa dança idiota na qual a mulher fica rebolando sozinha enquanto que o “galã” faz as evoluções lá dele para os garçons, provavelmente.
Mas deixem eu voltar às cortesãs: Carlos II da Inglaterra tinha duas cortesãs como amantes: a duquesa de Porthsmout, que era católica (nunca vi ninguém mais religioso que puta), e uma tal de Neil Gwynne, que começou como vendedora de laranjas em Drury Lane, chegou a atuar como atriz e teve vários protetores até que trocou os lençóis de lorde Donset pelos do rei.
Quando uma multidão anticatólica confundiu-a com a outra amante do rei, ela berrou antes que a linchassem: “Calma, pessoal, que eu sou a puta protestante!”
E no Brasil? Bem, no Brasil há as massagistas facilmente encontráveis nos anúncios classificados de jornais conservadores como O Globo, Jornal do Brasil e Estado de São Paulo.
As cortesãs, porém, vocês encontrarão lendo a crônica social.

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