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quarta-feira, julho 26, 2017

ABC do Fausto Wolff (Parte 20)


EROTISMO – É disso que trata este dicionário, praticamente. Já perceberam, né? De modo que passo-lhes o verbete da Enciclopédia Britânica: tema que pretende despertar desejo sexual, tanto em arte como literatura.
A palavra deriva de Eros, que, segundo a Teogonia, de Hesíodo, foi um dos primeiros deuses da mitologia grega, filho do Caos. Posteriormente, teriam feito dele (sempre representado como uma criança com um arco e uma flecha) filho de Afrodite (Vênus), deusa do Amor, com Zeus (Júpiter) ou um dos seus filhos, Hermes (Mercúrio) e Ares (Marte).
Eros (Cupido, na mitologia romana) era deus da paixão e da fertilidade. Seu irmão menos conhecido, Anteros, era deus do amor mútuo.
Compreende-se que Eros seja o deus do amor, pois se não era filho do Caos, era filho da puta, pois Afrodite dava mais que chuchu na serra.
Compreende-se também por que, quando nos apaixonamos por uma mulher, principalmente quando não somos correspondidos, nos comportamos como verdadeiros idiotas. Enquanto que o amor exige inteligência, conhecimento, sensibilidade, a paixão é simplesmente uma doença, uma flechada.

ESPERMA – Mais conhecido entre a plebe ignara como porra. Porra, por sua vez, é usada como vírgula. Sintam só: “Pois é, porra, eu fui falar com a dona, porra, e levei o maior fora, porra, assim não dá, porra!”
Mas, agora, falando sério, porra: esperma vem do grego e quer dizer semente. Ninguém sabe muito bem quantos espermatozóides existem realmente numa ejaculada humana. Fala-se em cerca de 700 milhões por milímetro.
No meu tempo de rapaz era difícil encontrar uma puta que topasse performar um felacio (ver verbete), enquanto que as mulheres da nossa melhor sociedade já eram peritas no ofício. Há as que chupam e engolem e há as que chupam e jogam fora. Muitas das que chupam e engolem dizem que alguns milhões de espermatozóides a mais ou a menos não fazem a menor diferença.
Agora, tem um troço, considerando a complexidade de um único espermatozóide que após o encontro com o óvulo, produz um ser humano, a capacidade dos testículos de criar máquinas tão sofisticadas é realmente um milagre. Por isso não entendo por que os italianos, quando querem insultar alguém, dizem: “Sei un coglione!”, ou seja, “és um culhão!”
É claro que há testículos e testículos (ver verbete): de uns pode sair o espermatozóide que vai produzir os Hitlers e de outros o espermatozóide que vai produzir as Xuxas.

ESTERILIZAÇÃO – Embora eu seja de opinião que a maior parte da nossa classe política, militar, industrial, bancária, jornalística, que vem mantendo o povo brasileiro em estado de semibestialidade, deveria ser capada, este é um verbete que não me agrada. Esterilização é a morte de toda forma de vida. Em microbiologia, um objeto estéril é aquele que não tem microorganismo.
A esterilização pode ser conseguida – em seres humanos – através de métodos sutis, como tratamentos químicos, com calor, frio, radiação ou com métodos grossos, tais como cortar o pau e o saco de um indivíduo.
Na medicina moderna, se trata de uma cirurgia que obstrui os tubos através dos quais o esperma passa para completar a fertilização. No homem é conhecida como vasectomia e na mulher como esterilização tubal. No caso dessa cirurgia, as glândulas sexuais permanecem intactas e nem o apetite nem o ato sexual sofrem qualquer ameaça.

EUNUCO – Chato pacas. Aliás, muito mais que chato. Vocês já estiveram na sacada de um 40º andar? Lembram daquele friozinho que vai da bulhões de carvalho até a boca do estômago? É mais ou menos o que eu sinto agora escrevendo este verbete. O eunuco é igualzinho a qualquer outro homem só que não tem saco.
A castração era uma forma de castigo muito em moda (como hoje é o rock e o césio ao ar livre) na Síria já no segundo milênio antes de Cristo.
Até o século XIX os eunucos ou sem-saco eram empregados em haréns nos países árabes e na Turquia, na ilusão de que só por não possuírem os escrotos (não confundir com os ex-crotos, que são jornalistas que já foram crotos e hoje vendem a alma e o resto ao poder) eles não podiam trepar.
Teve eunuco que tascou cornos em califas, sultões, xás e outros nomes pelos quais esses galhudos gostam de ser chamados.
Há casos de eunucos, principalmente sopranos italianos, que casaram e tiveram vidas sexuais quase normais.
Agora, chato mesmo é o eunucão. Este não tem jeito, pois castraram-lhe o carvalho junto com os bulhões. Esses rapazes sublimavam (sublimam) a frustração empenhando-se nas carreiras de torturadores e carrascos, geralmente bem-sucedidos.
Os eunucos capados antes da juventude retêm a voz aguda e infantil e a aparência efeminada.
Os hijras, uma comunidade de prostitutos masculinos (perto dos quais nossos travestis são fichinhas), recrutavam jovens aprendizes cuja genitália era removida ainda na primeira infância.
Mas os eunucos não serviam apenas para leões-de-chácara de harém, carrascos, torturadores e cantores de ópera. Há quem diga que houve um que foi chefe de polícia em Istambul ainda no fim do século passado.
Na antiguidade, chegaram a ser generais, políticos e almirantes em muitos estados da África Ocidental. Mesmo assim, eu prefiro ser um jornalista pobre e dotado que um generaI rico e capado.
Os eunucos sempre serviram de conselheiros políticos na China. Desde o período Chou (1122 a.C.) até Mao Tsé Tung acabar com a antiga prática do corte de ovos.
Também atuaram na Pérsia e nos impérios romano e bizantino. Imagine que foi só em 1878 que o papa Leão VIII acabou com a moda de castrar crianças para que fizessem bonito nos coros gregorianos.
Houve também malucos que, interpretando mal um texto de Mateus, cortaram os documentos na crença de que estava cumprindo a vontade de Deus.
No dia que este esporte voltar a ser in, vocês não verão ateu mais fervoroso que eu.

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