Negão da Gethal, Simão Pessoa, Lúcio Preto e Mário Gordinho
Abril de 1984. O Nacional
havia contratado vários craques veteranos do futebol brasileiro (o
ponta-esquerda Edu, ex-Santos, e o centroavante Dadá Maravilha, ex-Atlético
Mineiro, entre outros) e estava se apresentando com todas suas estrelas no
estádio Floro de Mendonça, em Itacoatiara, enfrentando o Penarol.
O time nacionalino entrou
em campo com sua força máxima: China, Marinho Macapá, Murica, Marcão e
Reginaldo; Antônio Carlos, Bendelak e Carlos Alberto Garcia; Hidalgo, Dadá
Maravilha e Edu.
Com dez minutos de jogo,
Edu leva uma bola para perto da bandeirinha de escanteio. O quarto-zagueiro do
Penarol Lúcio Preto avisa pro lateral-direito Tobias:
– Não vai de primeira, que
ele vai te driblar! Não vai de primeira, que ele vai te driblar!
O estabanado Tobias faz
que não escuta e avança em direção ao ponta-esquerda como se fosse uma vaca
braba.
Ele leva uma “caneta” do
Edu e passa lotado pelo atacante como uma locomotiva desgovernada, indo se
esborrachar no alambrado.
Edu está com a bola
dominada, mas não tem tempo de cruzar: Lúcio Preto lhe acerta uma “voadora” um
pouco abaixo dos joelhos e o ponta esquerda também vai parar no alambrado, com bola,
bandeirinha de escanteio e tudo.
– Você tá ficando doido,
porra? Você tá ficando doido? – grita Edu para Lúcio Preto, enquanto massageia
a própria tíbia. – Quase que você quebrou a minha perna, seu estúpido!… Não
sabe jogar bola, vai ser massagista e olhar o jogo do banco…
Lúcio Preto faz que não
ouve.
Dez minutos depois,
Hidalgo enfia uma bola na diagonal para Dadá Maravilha, nas costas do zagueiro
Paulão. Lúcio Preto sai na cobertura e divide a bola com o centroavante.
Os dois jogadores se
chocam com violência e ambos caem no chão. A bola sai pela lateral do campo.
Ainda ajoelhado no gramado
e massageando o tornozelo atingido pela patada de Lúcio Preto, Dario resolve
provocar o zagueiro:
– Porra, compadre, pra que
essa violência toda? Até parece que você não conhece o Dadá Maravilha…
Também de joelhos no
gramado e sério que só cu de touro, Lúcio Preto não deixa por menos:
– Não conheço e nem quero
conhecer. Eu vim do mato e vou voltar pro mato porque já respondo a dois
processos por homicídio. E, se você der bobeira, eu vou quebrar as tuas duas
pernas…
Antes que Dadá Maravilha
abrisse a boca para fazer a tréplica, Lúcio Preto gritou para o lateral-direito
Tobias, que ia passando perto dos dois.
– Ô, Tobias! Vamos jogar
sério que tem mais maconha pra gente no intervalo…
Assustadíssimo, Dadá se
levantou de campo ainda mancando e pediu para ser substituído.
Estava na cara que ele não
tinha mais saúde (nem coragem) para enfrentar um índio homicida com a cabeça
cheia de “dirijo”. O Penarol ganhou o jogo de 2 a 0.
No final do jogo, Edu e
Dadá Maravilha fizeram questão de tirar uma fotografia abraçados ao zagueiro,
com Lúcio Preto entre os dois. O centroavante cantou a pedra:
– Isso aqui não é lugar
pra ti não, maluco! Larga essa merda e vai pro sul do país! Lá você vai se dar
bem!
Edu também incentivou o
quarto-zagueiro:
– Você é um zagueiro
raçudo, da escola de Moisés, Brito e Fontana, que usam a força física, mas sem
deslealdade, e isso está em falta no país. Em qualquer time do eixo Rio-São
Paulo, você ganha a posição de titular no primeiro treino!
Lúcio Preto preferiu
continuar morando em Itacoatiara, onde pendurou as chuteiras, montou uma
oficina de estofamento e se tornou conhecido como Lúcio Currel, mas isso é
outra história.
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