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segunda-feira, dezembro 23, 2019

Lúcio Preto e Cafuringa no Top Bar



Ely Cafuringa e Petroba (de costas), Vilson Benayon, Antídio Weil, Maurílio, 
Zé Paulo e Nego Walter na Quadra dos Ciganos

Junho de 1981. Cheio da manguaça, o baixinho Ely Cafuringa se aboletou em uma das cadeiras do Top Bar e começou a dormir o sono dos justos. Roncava mais do que porco da mão branca.

Extremamente gente fina, cortês e educado, Cafuringa morava na Praça 14, mas não saía da Cachoeirinha, sempre ostentando uma imensa bolsa a tiracolo repleta de papéis velhos, livros de poesia e documentos.

Após perder uma partida de sinuca para Nei Parada Dura, Lúcio Preto ficou cismado de que o ronco do Cafuringa havia atrapalhado a sua concentração e resolveu se vingar.

Primeiro, ele retirou cuidadosamente a bolsa a tiracolo do rapaz, esvaziou seu conteúdo e encheu de pedra jacaré.

A bolsa ficou pesando uns trinta quilos.

Lúcio Preto recolocou a bolsa cuidadosamente no colo do Cafuringa e colocou a alça da sacola no pescoço do dorminhoco.

Aí, se acocorou, desamarrou o tênis do bebum e amarrou um cadarço no outro.

Os dois pés ficaram praticamente colados.

Na sequência, ele retirou do bolso uma bomba catolé, acendeu e colocou embaixo da cadeira do dorminhoco.

O barulho da explosão fez o Cafuringa, assustado, se levantar abruptamente da cadeira.

O peso da bolsa em seu pescoço dobrou seu corpo pra frente.

Ele tentou dar um passo para recuperar o equilíbrio, mas os dois pés estavam amarrados.

Cafuringa embiocou de cara no chão de cimento.

Levou sete pontos na testa.

Nunca mais quis dormir no Top Bar quando o Lúcio Preto estava jogando sinuca.

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