Ely Cafuringa e Petroba
(de costas), Vilson Benayon, Antídio Weil, Maurílio,
Zé Paulo e Nego Walter na
Quadra dos Ciganos
Junho de 1981. Cheio da manguaça, o baixinho Ely Cafuringa se aboletou em uma das cadeiras do Top Bar e começou a dormir o sono dos justos. Roncava mais do que porco da mão branca.
Extremamente gente fina, cortês e educado, Cafuringa morava na Praça 14, mas não saía da Cachoeirinha, sempre ostentando uma imensa bolsa a tiracolo repleta de papéis velhos, livros de poesia e documentos.
Após perder uma partida de sinuca para Nei Parada Dura, Lúcio Preto ficou cismado de que o ronco do Cafuringa havia atrapalhado a sua concentração e resolveu se vingar.
Primeiro, ele retirou cuidadosamente a bolsa a tiracolo do rapaz, esvaziou seu conteúdo e encheu de pedra jacaré.
A bolsa ficou pesando uns trinta quilos.
Lúcio Preto recolocou a bolsa cuidadosamente no colo do Cafuringa e colocou a alça da sacola no pescoço do dorminhoco.
Aí, se acocorou, desamarrou o tênis do bebum e amarrou um cadarço no outro.
Os dois pés ficaram praticamente colados.
Na sequência, ele retirou do bolso uma bomba catolé, acendeu e colocou embaixo da cadeira do dorminhoco.
O barulho da explosão fez o Cafuringa, assustado, se levantar abruptamente da cadeira.
O peso da bolsa em seu pescoço dobrou seu corpo pra frente.
Ele tentou dar um passo para recuperar o equilíbrio, mas os dois pés estavam amarrados.
Cafuringa embiocou de cara no chão de cimento.
Levou sete pontos na testa.
Nunca mais quis dormir no Top Bar quando o Lúcio Preto estava jogando sinuca.
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