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quarta-feira, dezembro 11, 2019

O soldado seresteiro



Kepelé, Mestre Louro, Luiz Lobão, Zinho e as cachorras

Dezembro de 1977. Os soldados Sici Pirangy, Douglas Azulay e Marcelino Lopes, o Zinho, deixam o quartel do 1.º BIS no começo da noite de uma sexta-feira e, ainda fardados com o uniforme de passeio da corporação, resolvem gastar o soldo no Canto da Peixada.

Mais tarde, apanham um ônibus e descem em frente da Padaria Cinthia, na Rua Carvalho Leal, na Cachoeirinha. Os três saem conversando em direção às suas respectivas casas.

O dorminhoco Zinho tira a japona, enfia dois dedos na gola e a coloca sobre um dos ombros, como se fosse um renomado cantor de boleros da velha-guarda e sai caminhando na maior boçalidade.

Quando ele começa a descer a Rua Parintins, um jipe da Polícia do Exército para ao seu lado. O oficial, que está no jipe, chama o soldado:

– Escuta aqui, ô bonitinho? Quem foi o filho da puta que te autorizou a usar a farda do glorioso Exército Brasileiro desse jeito?...

Antes que Zinho abrisse a boca, dois musculosos soldados da PE já o estavam imobilizando e o colocando dentro do jipe.

Pegou trinta dias de xadrez para aprender a não usar a farda do glorioso Exército Brasileiro como um surrado paletó de cantor de boleros.

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