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sexta-feira, dezembro 20, 2019

Otinha e Lúcio Preto na Vila Mamão



Novembro de 1965. Parceiros de gandaia, Lúcio Preto, Agesilau Belisca, Lúcio Branco, Neném Malvadeza, Ivan Pernada, Toinho Bala, João Bola Sete, Sabá Coice de Mula, Jeremias Satã e Luiz Mão de Pilão estavam jogando sinuca e biritando no Brasa Bar, na Vila Mamão, quando o indigesto Otinha surgiu na porta do boteco.

Reputado como o maior valentão de Educandos e adjacências, Otinha tinha fama de, sozinho, ter dado porrada em uma dúzia de marinheiros e colocado pra correr meia dúzia de fuzileiros navais.

Nesse dia, entretanto, o valentão estava nos seus dias de “Otinha, paz & amor”.

Ele tomou a iniciativa de sair se apresentando a cada um dos presentes, trocando um prosaico aperto de mão.

Lúcio Preto estava em uma mesa fumando um cigarro Yolanda e, só de sacanagem, colocou o cigarro nos dedos com o lado da brasa voltado para dentro da mão.

Quando Otinha lhe esticou a mão, ele retribuiu o aperto praticamente apagando o cigarro na palma da mão do valentão.

Otinha deu um grito e puxou a mão rapidamente:

– Porra, caralho, você é doido?! Olha só o que você fez!

E exibiu a palma da mão com o buraco feito pela brasa do cigarro.

Lúcio Preto não se fez de rogado:

– Poxa, meu amigo, me desculpe, mas eu esqueci que estava com o cigarro na mão...

Em condições normais de pressão e temperatura, Otinha teria avançado em cima do Lúcio Preto para quebra-lo de porrada. Mas ali ele estava em território inimigo e os inimigos eram muitos.

Sem contar que quase todos estavam armados com um taco de sinuca.

O valentão limitou-se a dar meia volta e ir embora. Nunca mais colocou os pés no Brasa Bar.

Quer dizer, pelo menos na Cachoeirinha, a fama de valentão do Otinha não passava de lenda urbana.

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