Novembro de 1965. Parceiros de gandaia, Lúcio Preto, Agesilau Belisca, Lúcio Branco, Neném Malvadeza, Ivan Pernada, Toinho Bala, João Bola Sete, Sabá Coice de Mula, Jeremias Satã e Luiz Mão de Pilão estavam jogando sinuca e biritando no Brasa Bar, na Vila Mamão, quando o indigesto Otinha surgiu na porta do boteco.
Reputado como o maior valentão de Educandos e adjacências, Otinha tinha fama de, sozinho, ter dado porrada em uma dúzia de marinheiros e colocado pra correr meia dúzia de fuzileiros navais.
Nesse dia, entretanto, o valentão estava nos seus dias de “Otinha, paz & amor”.
Ele tomou a iniciativa de sair se apresentando a cada um dos presentes, trocando um prosaico aperto de mão.
Lúcio Preto estava em uma mesa fumando um cigarro Yolanda e, só de sacanagem, colocou o cigarro nos dedos com o lado da brasa voltado para dentro da mão.
Quando Otinha lhe esticou a mão, ele retribuiu o aperto praticamente apagando o cigarro na palma da mão do valentão.
Otinha deu um grito e puxou a mão rapidamente:
– Porra, caralho, você é doido?! Olha só o que você fez!
E exibiu a palma da mão com o buraco feito pela brasa do cigarro.
Lúcio Preto não se fez de rogado:
– Poxa, meu amigo, me desculpe, mas eu esqueci que estava com o cigarro na mão...
Em condições normais de pressão e temperatura, Otinha teria avançado em cima do Lúcio Preto para quebra-lo de porrada. Mas ali ele estava em território inimigo e os inimigos eram muitos.
Sem contar que quase todos estavam armados com um taco de sinuca.
O valentão limitou-se a dar meia volta e ir embora. Nunca mais colocou os pés no Brasa Bar.
Quer dizer, pelo menos na Cachoeirinha, a fama de valentão do Otinha não passava de lenda urbana.
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