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domingo, dezembro 22, 2019

Ivan Chibata e o violonista Dino Sarará



O atual presidente da Banda da Caxuxa Wladimir Brother

Abril de 1984. Durante uma cachaçada no Bar Popeye, na Estrada dos Franceses, o bicheiro Ivan Chibata conheceu o violonista Dino Sarará. Foi amor à primeira vista.

O exímio violonista conhecia todo tipo de música de seresta. Ivan Chibata queria ser um novo seresteiro.

O bicheiro contratou o violonista a peso de ouro para acompanhá-lo em suas noitadas de boemia pelos bares da cidade.

O violonista, entretanto, era manhoso: quando queria encerrar a esbórnia, ele dava uma lapingochada tão violenta no violão que, invariavelmente, quebrava uma das cordas.

Fingindo consternação, ele dava o bote final:

– Olha, Ivan, você me desculpa, mas não sei tocar violão faltando uma das cordas...

Aí, chamava um táxi e se mandava.

Nas duas primeiras vezes em que aconteceu a presepada, o bicheiro, claro, ficou puto porque a noite estava apenas começando, mas não disse nada.

Na terceira vez, quando o violinista se preparava para ir embora, o bicheiro puxou da cintura um Colt 44 com cabo de madrepérola, apontou pra cabeça do sujeito e pediu pra ele ficar na mesa.

Aí, chamou Wladimir Brother, seu secretário informal, lhe entregou a chave do carro e cantou a pedra:

– Me traz aquele presente que comprei pro Dino!

Brother voltou com uma caixa de papelão. Dentro da caixa, 100 jogos de cordas pra violão: 50 de cordas de aço, 50 de cordas de nylon.

A caixa foi colocada em cima da mesa.

– Dino, meu filho, você pode quebrar quantas cordas quiser que agora nós temos peças de reposição! – avisou Ivan Chibata, em tom paternal, com o revólver ainda apontado pra cabeça do violonista. – Eu sei que a mudança de corda vai modificar a afinação original, mas você pode afinar em ré, em mi, em sol, pode afinar na puta que pariu, que eu não estou nem aí. A única coisa que você não pode fazer, meu filho, é se levantar da mesa e ir embora. Você está sendo pago para me acompanhar, entendeu?...

Nervosíssimo, o violonista assentiu com a cabeça e começou a trocar a corda arrebentada do violão.

Passou 48 horas seguidas tocando para o bicheiro pelos botecos da cidade, sem quebrar uma única corda.

O Ivan Chibata era invocado!

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