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sexta-feira, dezembro 20, 2019

A verdadeira história do Sancol, na versão de um ex-jogador



Carlos Roberto e Roberto Amazonas, pai do moleque

Junho de 1967. No tempo em que os bichos falavam (“E aí, bicho, tudo bem?...”), ou seja, nos primórdios da febre da Jovem Guarda, havia dois times de peladeiros na Rua Borba: o Santos FC e o Coral FC.

O Santos tinha como sede a casa da tia da Dorinha (ex-namorada do Sadok Pirangy, atual esposa do Jorge Almeida), ao lado do Bar Planície Verde (Rua Borba canto com a Rua Itacoatiara), e tinha entre seus atletas Roberto Amazonas, Beto Folha Seca, Jorge Almeida, Manuel Augusto, Antídio Weil, Roberval (primo da Solange Ribeiro), Zé Maria, João da Tefé e Oscar Mão de Onça.

O Coral tinha como sede a casa do Rui de Ascenção Filho, o “Ruizinho” (Rua Borba canto com a Rua Parintins), e tinha entre seus atletas Ademar Arruda (o goleiro Gato), João Bosco Rodrigues, Carlito Bezerra, Nego Walter, Flávio Cupu, Epitacinho, Chico Costa, João Eletricista, Nego Noka, Celso e Cumbuca.

Os dois times costumavam se enfrentar em jogos disputadíssimos, ora com vitória de um, ora com vitória de outro, mas sem qualquer supremacia total por conta de alguns detalhes: o Santos tinha uma linha de frente excepcional e uma defesa razoável, enquanto o Coral tinha uma defesa excepcional e um ataque razoável.

Foi quando em comum acordo, os dois times resolveram se unir para criar um supertime chamado Sancol, que se transformou no “bicho-papão” da Caxuxa e passou a ter sua sede na casa do Ruizinho.
Uma cópia vintage do equipamento do Sancol

Sim, o primeiro equipamento foi conseguido pelo Rubens Bentes via deputado José Belo Ferreira e era uma cópia do equipamento são-paulino porque contemplava as cores dos dois times: preto, vermelho e branco.

Sim, o Rubens também vendeu os calções e meiões, mas uma “vaquinha” entre os atletas restituiu o equipamento faltante.

Uma das escalações mais conhecidas do Sancol era formada por Ademar Arruda, Carlito Bezerra, Epitacinho, Roberval e Flávio Cupu; Beto Folha Seca e Roberto Amazonas; Nego Walter, Manuel Augusto, Jorge Almeida e Antídio Weil. Um timaço!

Foi com esse time-base que, em março de 1968, num domingo, o Sancol foi jogar no campo do Oratório São José contra o Olaria, considerado o melhor time da área porque tinha entre seus atletas metade do time juvenil do Olímpico Clube, na época tricampeão amazonense da categoria.

Entre os jogadores do Olaria estavam Wandi, Bioca, Mário Bacuri, Cazuza e Conceição, ou seja, ganhar daquele time em casa era um osso duro de roer.

Juliana e Roberto Amazonas

O Olaria fez um a zero no primeiro tempo e segurou o placar até metade do segundo tempo.

Foi quando Nego Walter, também conhecido como “Sabará”, infernizou a zaga adversária e conseguiu um escanteio.

Quando Beto Folha Seca pegou a bola para colocar na marca de escanteio, Roberto Amazonas sussurrou:

Compadre, põe a bola na minha cabeça, que eu guardo a nega no véu de noiva...

Ninguém sabe como, mas Beto Folha Seca bateu o escanteio com a precisão de um GPS e Roberto Amazonas entrou de cabeça na pelota indo parar dentro do gol com bola e tudo.

 O empate renovou o ânimo do Sancol que resolveu partir pra cima do Olaria e vencer a partida na base da raça (o zagueiro Roberval havia metido o pé num caco de garrafa que abrira a pele da ponta do dedão até o calcanhar, mas continuava em campo).

Quando o gol do Sancol já estava amadurecendo, o padre Roque, técnico do Olaria, entrou em campo e resolveu encerrar a partida.

Motivo? Segundo ele, o Nego Walter não havia assistido à missa das 7 horas da manhã e ele não ia permitir que um herege continuasse conspurcando aquele campo santo.

O jogo terminou 1 a 1. Foi a última partida do Roberto Amazonas pelo time.

Aos 20 anos, ele ia se preparar para o vestibular de Engenharia Civil e pretendia passar o resto do ano trancado em casa, se devotando aos estudos.

Cumpriu a palavra, se formou em Engenharia Civil pela FUA e foi o anel simbólico da turma por ter obtido as melhores notas durante os cinco anos do curso.

E olha, que na turma dele também estava um gênio chamado Sérgio Figueiredo, irmão da desembargadora Graça Figueiredo e primo do João Bosco Rodrigues, filho do seu Aristides.

Formatura do Roberto Amazonas. Atrás, de bigode de Cantinflas, 
o saudoso Sério Figueiredo

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